Os Camargos de Ibitira

Os Camargos de Ibitira

Entonces, disse eu enquanto conversava com minha família sobre algo trivial. A expressão provocou fagulhas na memória do meu pai. “Só lembro do vô Gerônimo quando alguém fala entonces. Por isso, acho que ele tinha descendência espanhola”.

Bastou isso para que a curiosidade me levasse a pesquisar minha origem. Não era a primeira vez que eu fazia isso. Mas até então eu só partia dos sobrenomes da família. Foi esse o pontapé também, porém, agora, eu estava com uma pista, bem vaga, porém que me encheu de esperanças de encontrar as raízes da minha árvore genealógica.

O Google me levou a um livro: “Os Camargo de São Paulo”, me deu uma felicidade danada, saber que a história foi registrada por alguém que entende do assunto. E confirmei de vez que sim, Camargos tem origem espanhola. Chegaram ao Brasil em terras paulistas e depois se espalharam. Em Minas Gerais, o sobrenome tornou-se Camargos. Mais precisamente em Mariana. Existe, inclusive, um distrito homônimo.

Porém, parei aí.

Como os Camargos chegaram em Ibitira?

Ninguém sabe, nem a minha avó, Rita, no alto de seus 96 anos. Ao pesquisar o histórico de Martinho Campos, município do qual Ibitira faz parte, vejo que a região começou a ser povoada entre 1808 e 1820. Ou seja, há, no máximo, 200 anos. O primeiro Camargos chegou na região há menos de dois séculos. Provavelmente, foi o meu bisavó do entonces ou meu tataravô, pai dele.

Nos registros históricos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não existe ninguém com este sobrenome na fundação de Martinho Campos. Mas consta a informação de que Abadia do Pitangui, nome do lugarejo que hoje continua a ser chamado de “Badia”, surgiu quando a mineração esgotou-se em Pitangui, que foi fundada por bandeirantes paulistas em busca de ouro. Só que pela lógica, e o s no meu nome, os Camargos de Ibitira vieram de Mariana, cidade na qual tornou-se plural. Ou seja, o biso Gerônimo devia ser mineiro.

Já Ibitira foi povoada quando construiu-se a estrada de ferro, inaugurada em 1892. Na foto de capa deste post, você vê minha bisavó Preta que casou-se com meu bisavô Gerônimo Camargos e o filho João Camargos.

Camargo na Espanha

Fato é que certeza mesmo só tenho de Ibitira para cá. Embora saber que a origem do sobrenome espanhol tenha me dado uma vontade enorme de visitar Camargo, vilarejo em que meus antepassados viveram. Fica perto da belíssima Santander, local às margens do mar e ladeado por montanhas.

Santander – Norte da Espanha – Possível origem da família Camargo

A pequena Camargo também não fica atrás

Camargo

Um dia, com tempo, ainda vou buscar registros em cartórios do meu biso. E darei umas andadas pela Espanha nem que seja para imaginar histórias sobre meus antepassados.

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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