Quando eu te amo é bom dia
Tenho que admitir: não retribui o primeiro eu te amo nem com um simples eu também. Eu achava muito cedo para este tipo de declaração. Veio um obrigada e um beijo meio desajeitado, com gosto de “fiz o que devia ter feito”. Hoje eu falo a todo momento, por telefone, e-mail, mensagem, cara a cara…
Passei a discordar da máxima de que eu te amo não é bom dia, pois as minhas melhores manhãs começam com essa frase. Também comecei a me perguntar porque dizer o tempo todo que amo uma música, um cantor ou uma roupa não causa estranheza enquanto amar uma pessoa e dizer isso a ela é quase um pecado. Na verdade, eu sei.
Eu te amo é…
Dizer eu te amo é como atirar-me no desconhecido dos sentimentos do outro. É mais perigoso do que pular de paraquedas, pois um dia se ama, no outro o amor pode ter virado amizade, indiferença ou até ódio. Dizer eu te amo é para os corajosos, aqueles que sabem que podem se machucar, porém há um outro risco gostoso de correr: escutar um eu te amo de volta.
Não há resposta melhor, quando verdadeira. Quem ama mesmo, sem medo, e corresponde, só consegue repetir o que ouviu e basta. Se a resposta é eu te amo também, o salto foi feliz. A adrenalina de saltar em um mar de sentimentos que mudam a todo momento foi feliz. E quando o outro não responde? Ah, vale a pena também. Como saber sem esta declaração que é quase uma pergunta?
Eu me espanto é com o amor pelas coisas. Cds, vestidos e tantas outras bugigangas que declaro amar não dizem nem obrigado, permanecem no armário ou na vitrola até ficarem velhos, até começarem a desafinar. Já o amor dos que só agradeciam no início pode não envelhecer, fica maduro com o passar dos dias e as repetidas declarações se transformam em música, em bom dia.
É claro que, na maioria dos casos, “eu te amo” vai ser só por uns dias mesmo, não será eterno. Mas, se me permite o poeta, vai fazer do amor terno enquanto ele durar.
Sobre o texto:
Publicado originalmente no meu blog antigo, por isso é um post extra, o do dia ainda será produzido e publicado.