Vale night salva casamentos

O padre diz que marido e mulher tornam-se únicos depois do matrimônio. “E os dois se tornarão uma só carne’. Dessa forma, eles já não são dois, mas sim uma só carne”. É uma verdade bíblica, mas há quem a interprete da maneira mais restrita possível, faz da vida a dois o cumprimento da vontade de um apenas, sem considerar a individualidade e vontades do par. Ignora, inclusive, outra fala do sacerdote durante a celebração. “Sendo assim, o marido deve amar sua esposa como ama o seu próprio corpo. Quem ama sua esposa, ama a si mesmo”.

Eu acredito que aquele que ama de verdade deixa o outro respirar, não acorrenta corpo e alma a ele. É claro que casar significa ficar ainda mais perto da mulher ou do homem, a vida social anda cada vez mais junta. Porém, nem sempre é possível conciliar horários, disposição e até interesse. A vontade dos dois pode ser diferente ou um compromisso de trabalho tornar impossível fazer companhia ao outro. Só resta aqui recorrer ao vale night, vale day ou até vale week. No início, o casamento pode até sobreviver com os dois tendo que fazer tudo junto, mas com o tempo eu garanto que desgasta. Impossível imaginar que alguém consiga viver sendo 100% submisso aos desejos do par.

Amar o outro como a si mesmo também é imaginar que o marido ficará muito feliz se jogar futebol com os amigos. Amar é pensar que a mulher precisa de um dia em um bar com as companheira, sem a auto censura imposta pela companhia masculina. É permitir ao outro ter e realizar seus desejos, mesmo se isso significar uma noite sozinho ou em lugares diferentes.

E se ele(a) me trair, conhecer alguém quando eu der o vale night?

Aí eu sinto muito, mas quem tem a intenção de ser infiel encontrará uma brecha durante uma tarde de trabalho, horário de almoço ou horários que é normal estar no emprego, embora já se saiba que são nestes momentos que os amantes se encontram. Estar grudado no outro no tempo livre não é garantia nenhuma de fidelidade, muito menos de felicidade.

A monopolização do companheiro não salva nenhum casamento, o vale night sim: liberta, deixa o outro respirar e quando a pessoa volta para o lar com certeza estará mais feliz.

 

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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