Trauma de infância

Nunca fiquei doente para valer. Não quebrei braço, perna, nem ao menos o dedo destronquei. Raramente vou ao médico, mas resfriados e gripes sempre me acompanharam desde o início da minha vida. Gripe fraca, forte, com tosse seca por vários dias, enfim, uma variedade imensa delas.

Aliás, foi ela a responsável por uma espécie de “deportação” quando eu tinha menos de dois anos de idade. Meu pai foi para os Estados Unidos quando eu tinha apenas 40 dias, eu e minha mãe fomos pouco tempo depois viver junto dele. Porém, essa estadia durou pouquíssimos meses. Não me dei bem com o clima americano. Ficava sempre gripada, doente, perdia peso. A solução foi me mandar de volta para o Brasil. Como era tempo de vacas magras, voltei sem meus pais, com um casal de amigos deles.
Fiquei por 11 meses no sítio da minha avó. Ar puro, contato com a terra, calor. É, melhorei bastante, mas até hoje, 20 e tantos anos depois sofro com essa pequena enfermidade. Falta de vitamina C? Não mesmo! Laranja e cápsulas de vitamina fazem parte do meu cardápio diariamente.
Vai ver essa baixa imunidade seja sequela daquele tempo que fiquei sem meus pais. Como se fosse um tipo de saudade incurável deles, um trauma de infância, ou melhor, do maldito tempo americano.

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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