Os sabores das exceções

Os sabores das exceções

Muito saborosas ou indigestas, as exceções nunca são moderadas, preferem passear pelos extremos das sensações. Embora sejam incomuns, têm de repetitivo o fato de sempre serem encontradas em todo lugar – na brecha da lei, em uma pessoa que contrariou o DNA(para o bem ou mal), o livro ruim do autor preferido, o livro bom do autor chato, a música terrível do cantor que sou fã, o dia de fúria da pessoa mais paciente…

E é bom eu estar preparada para as exceções, vão fazer chorar ou sorrir, de forma nenhuma têm como resposta a apatia.

Quando toca Evidências, por exemplo, eu abro o verbo. Quem me ouve pensa que sou a maior amante da música sertaneja. Acontece com qualquer música do Chitãozinho e Xororó, mas é em Evidências que eles conseguiram a maior das exceções. É tão exceção que foi elevada a clássico. Ou seja, o que é incontestável, 99% gosta mesmo para um roqueiro.

Pon Chic, um refrigerante do Centro-Oeste de Minas, também tem um sabor doce de exceção para mim. Acho que é por lembrar minha infância, origens, ser, como Evidências, um clássico no mundo dos refrigerantes, pelo menos em território mineiro.

Música ruim sempre chega aos meus ouvidos como exceção quando estou com uma turma bacana que tem um gosto diferente do meu ou pra não estragar algum evento. Aí eu prefiro é me jogar. Nota: Evidências, minha exceção do sertanejo, é boa mesmo hehehehe.

Amargas exceções

É chato quando a exceção vem pra deixar tudo mais amargo. Uma brecha pra injustiça, um criminoso que devia ter sido punido, mas que o dinheiro ou prestígio o transformou em caso especial. É triste se atinge as unanimidades mais gostosas, transformando avós em mulheres amargas, mães em pessoas relapsas, uma família inteira de gente boa com um membro que ninguém aguenta. Ah, que tristes exceções!

Tem as exceções disfarçadas de felizes também, quando um em um milhão de uma minoria chega ao poder, consegue vencer. Estranho falar assim? Uma vez, Conceição Evaristo, em uma Feira Literária de Divinópolis(FLID) deixou bem claro. Tratada como exemplo, disse que ficava triste, pois deveria ser regra e não exceção quando o assunto é igualdade entre negros e brancos.

É claro que dá uma felicidade de saber que um negro, mulher, gay ou qualquer outra minoria teve uma vitória importante. Porém, é sinal de que a gente ainda não chegou aonde deveria com a nossa meritocracia.

Aliás, sonho que a meritocracia deixe de ser uma fábrica de exceções.

É mais que hora de deixar as radicais exceções pras músicas, filmes, livros, por mais amargas que sejam, consigo aguentar minha banda fazer uma música ruim… Na sociedade a regra é que tem de valer, senão corta na pele!

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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