Meninas

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Já dizia Guimarães Rosa: “Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou — amigo — é que a gente seja, mas sem precisar de saber o porquê é que é.”

Não sei detalhes de como começou o ciclo entre eu, Melina e Larissa… Se por afinidade entre os pais, por morar num lugar pequeno ou realmente por coincidências da vida, Deus já sabendo que uma seria companhia para a outra durante grande parte na passagem dessa vida. Lembramos e relembramos as características de infância de cada uma, desde o olho cheio de “remela” da Mel, por causa de uma alergia que nunca melhora, os cabelos cacheados que a tia Cíntia dela sempre fazia, e as poses olhando para o nada nas nossas fotos de escolinha. Os dentes separados da Lality, a sua forma de tamborzinho e a sua mania de querer ser adulto antes da hora, ah!!! Não tem como esquecer. Não preciso nem falar da pessoa que derramava suco ou refrigerante todos os dias no horário do lanche.. Rs.

Convivi e vivi com essas duas representando e me apresentando o que realmente significa a palavra amizade… Um substantivo feminino que vai além de: “sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas”. Substantivo que se transformou em lealdade, sinceridade, companheirismo, empatia, afeto, irmandade e várias outras coisas, desde que nos entendemos por gente.

Dizem que a gente tem que aprender caminhar com as nossas próprias pernas, que pai e mãe não são para sempre, e nem os nossos amigos… Hoje, sinto que mais uma parte do nosso ciclo está sendo modificada, porém, posso afirmar com toda a certeza que, o que aprendi com essas duas está guardado pra sempre em algum de lugar dentro mim. Determinação, independência, força e coragem, são as principais coisas que as duas me ensinaram, durante todo o tempo. Claro que me ensinaram várias outras coisas, como dormir até mais tarde e não acordar 5h30, ficar sem fazer nada(ainda não consegui aprender rs.); como cozinhar legumes que tem casca; como fazer café com a quantidade certa de pó e açúcar; como gastar menos dinheiro com as coisas, mesmo elas gastando muuuito também.. Rsrs. Me ensinaram desde o útil até o super agradável para se viver. Durante certos dias entre nós, estivemos presentes de forma que não é qualquer pessoa que conviveria, houve respeito, empatia e companheirismo, facilitando a transição por esses momentos que só a gente sabe e não tem como esquecer.

Eu poderia ficar escrevendo sobre a gente aqui por muitos dias… De tudo, uma coisa eu posso falar: foram mais que companhia física, mais que duas pessoas completando a minha infância e adolescência… São pessoas que tenho a certeza que eu posso contar, seja para tomar um litro de açaí em um domingo 23h ou para ser força e alento quando as situações diárias saem “fora do eixo”. Por isso, e váaaarias outras coisas, que os quilômetros que nos separarão serão só para a gente lembrar que amizade que é amizade, permanece!

Amizade que descarta o interesse e sobrepõe a troca de afeto, ainda é de muito mais valor para o nosso ser. Mel, Lality, estrelinhas sorridentes, gordinhas, meninas da Raul Soares, como quiserem ser chamadas, amo vocês! Pra sempre minhas meninas.

Escritor por Letícia Camargos Veja todos os textos deste autor →

Letícia Camargos é estudante de enfermagem, natural de Ibitira, distrito de Martinho Campos, MG. Adora uma temporada na terra Natal, as coisas e pessoas simples, pois acredita que aprende com elas o que o mundo insiste em complicar.

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