A moça do tempo

A moça do tempo

Antes bastava saber quando o Outono, Verão, Inverno e Primavera começariam – tinha-se uma noção de como seriam os dias. De vez em quando o tempo enlouquecia, mas até a loucura vinha com regularidade, El Niño e La Ninha tinham os anos certos de acontecerem. A moça do tempo aparecia no jornal e rapidamente desaparecia – depois de falar máxima de 39 em Cuiabá e mínima de 9 em Curitiba. Hoje não, a moça do tempo fica cada vez mais no ar. Mostra fotos, vídeos de como a loucura das temperaturas e intempéries têm influenciado a vida.

E para que ninguém fique sem explicação, ela dá os porquês das reviravoltas como nunca, afinal, antes bastava ler um livro de geografia para saber quando choveria mais e menos, a terra tremer no Brasil era inimaginável. Agora essa certeza foi abalada, taí Martinho Campos e Montes Claros que não nos deixam mentir. Sem previsão, as cidades mineiras tremeram e mostraram que tudo pode acontecer.

O tornado de Xanxerê, Santa Catarina, também veio para dar medo. E o mais impressionante é saber que este fenômeno é comum no Sul. De acordo com estudiosos, o que mudou não foi o tempo, mas o espaço que as cidades ocupam. Segundo o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), mais de 200 foram registrados entre 1990 e 2011, 77 em Santa Catarina. Aí é o que a gente pergunta: Quem mudou mesmo?  Aí é que a moça do tempo torna-se ainda mais necessária, há de se prever o que antes pouco fazia diferença para nos precavermos.

Moça do Tempo – cargo cobiçado

Eu desconfio que o cargo vai ser cada vez mais disputado, pois saber o que pode acontecer quanto ao clima será essencial. Além de moças do tempo, com certeza os homens vão almejar o posto. É um momento que o telespectador para e presta atenção. Experiência própria, quando o mapa de uma TV na qual eu trabalhei era cortado (sem moça para agraciá-lo, inclusive), os telefonemas disparavam com reclamações, mesmo na era dos Apps que dão a informação, a galera quer saber dos jornais como fica o tempo.

A famosa e simpática Maju, do Jornal Nacional, saiu das ruas (como falamos sobre quem vai para reportagem) e ocupa hoje o lugar de moça do tempo, tenho certeza de que ela entendeu a troca de cargos como promoção. Afinal, atualmente saber do tempo é tão importante quanto ser informado sobre outras notícias. Pena que ele está cada vez mais imprevisível e assustador.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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