A habilidade de aprender na alegria

A habilidade de aprender na alegria

Grande mentiroso quem diz que o crescimento é exclusivo dos momentos tristes, de dificuldade. É verdade que é mais fácil enxergar as lições entre as pedras no caminho do que ver os ensinamentos de uma estrada sem obstáculos, feliz.

As pedras normalmente são paradas obrigatórias, é preciso retirá-las para que a caminhada possa continuar. Em um percurso sem dificuldades os passos vão um após o outro e se bobear o destino chega antes de fazermos qualquer parada para apreciar o que há na estrada. Por isso digo que a felicidade também é carregada de lições, que vêm suaves, sem fazer a gente dar nenhum tropeço ou precisar parar.

As pausas durante a alegria são opcionais e assim muita gente diz que era feliz e não sabia depois que uma jornada repleta de sorrisos termina. Mas não é só a felicidade que passa despercebida, é todo aprendizado que ela pode trazer. Eu garanto que uma roda de amigos risonhos ensina muito, assim como um bebê que dorme o sono dos justos ou brinca com a tampa da vasilha de plástico  e abandona o brinquedo caro que a mãe acreditava ser o que o filho precisava para se distrair. Há aprendizado também naquela música de bamba que embala as noitadas; há algo a se extrair das baladas; das festas de família; da piada de elefante sem graça que o pai conta.  Há algo a aprender com um banho de chuva, a dança com o par que sempre se sonhou.

Seria uma grande injustiça e perversidade se o aprendizado viesse apenas quando o dia custa a passar, as noites são um tormento ou uma saudade irremediável toma conta do peito. Nessas, e muitas outras situações, o aprendizado solta aos olhos e é visto como único benefício do momento triste. Costuma ser mesmo, não o único, mas um dos únicos. Porém, se a pessoa for atenta consegue encontrar até a felicidade em algum canto em meio a toda tempestade. A felicidade por vezes é discreta, tanto que, como disse, tem gente que é feliz e só vai descobrir bem depois, quando os momentos já se foram. Daí pode até ser que a lembrança reitere um pouco de alegria, recordações felizes fazem a gente sorrir. Mas o aprendizado, ah, esse ficou por aí, escondido na cegueira de achar que só o mal ensina.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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