Verme: sem meias palavras

Verme: sem meias palavras

Jim Carbonera retrata o mundo de um jovem escritor sem nenhum pudor na escrita. O verbo é rasgado a todo momento, cenas de sexo e os pensamentos de Rino (muitas vezes picantes), o personagem principal, são narrados com firmeza, embora com pitadas de poesia, já que ela nem tem a obrigação de mostrar só o lado cor-de-rosa de tudo. É um romance diferente com um anti-herói e ninguém perfeito, o que tem me agradado bastante, até me lembrei, enquanto li, do “Como falar com um viúvo”, que neste sentido, se aproxima da obra do escritor porto-alegrense.

Outro ponto em comum é que os dois protagonistas escrevem – o que me levou a pensar – depois de ler tantos livros que eles ganham o papel principal e filmes, o que é que faz dos escritores tão interessantes. Fato é que são personagens interessantes, na maioria das vezes. Ao contrário da obra que lembrei, Verme tem um roteiro mais morno, o dia a dia mesmo, cujos principais acontecimentos estão na cabeça de Rino ou em programas triviais de alguém na faixa dos 30 anos – shows, idas a bares. Por isso é tão fácil se identificar nas páginas do livro.

É a vida de um rapaz que procura inspiração e deleta tudo que escreve por não achar bom o suficiente, contenta-se com pouco, vive com os pais e não tem a ilusão de ficar rico com literatura. Quando cheguei ao fim da leitura, tive a sensação de que a história não acabava ali. E acertei, descobri que o autor lançou o Royal 47, continuidade do romance. Descobri mais ainda – que Rino já protagonizou o livro Divina Sujeira. No entanto, não ter lido o primeiro não prejudicou em nada a leitura de Verme.

Outro detalhe interessante é percorrer Porto Alegre, é o cenário central da história, junto a algumas cidades do Sul do país. Nunca estive lá, mas tive vontade de conhecer os locais citados. O livro tem muito de “a vida como ela é”, sem meias palavras e reviravoltas mirabolantes. Recomendo para quem não gosta apenas de água com açúcar.

Eu adquiri o livro diretamente com o autor via redes sociais, é só procurar por Jim Carbonera no Facebook ou Instagram. Quem preferir, pode acessar o site e encomendar – http://www.jimcarbonera.com/ Ainda ganhei dedicatória, bottons e marcadores.

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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