Sotaque: os diferentes falares
Amo sotaques: cariocas, paulistas, capixabas, goianos, de qualquer outro estado ou país. O nosso português brasileiro mesmo só tem identidade por ter pegado de outros povos várias expressões estrangeiras e de quem já estava por aqui. Se assim não fosse, falaríamos algo entre o português de Portugal e o dos indígenas, mistura inicial. Ou seja, de toda forma, o jeito de falar de cada um destes povos ditaria como nos expressamos, teríamos sotaque.
E isso é ruim? Alguém fala melhor do que o outro? Não e sim. São lindos os múltiplos dizeres e fala bem quem sabe tratar as pessoas com gentileza independente dos “uais” ou “meus”, defende seus pontos de vista sem fazer com que as palavras soem como ofensivas pelo resto da vida para quem discordava.
Já fui elogiada sem entender e sorri, com um “guapa” – bonita para os portugueses – e nunca me esqueci. Só entendi depois de perguntar, mas fiquei feliz. Fui também maltratada por quem fala o português brasileiro com sotaque mineiro. Aí é que alguém se torna um bom falante ou não, ao saber conversar, se expressar, tecer críticas e não pelo sotaque.
É ruim também aquele forçado, usado para atestar que morou fora. A naturalidade do sotaque é diferente, sai sem que se perceba, como se fosse a única forma que se conhece para se expressar. E é mesmo, até se tivéssemos nascido no mesmo lugar. Sotaque só se perde, sai, a fórceps, difícil e doído.
É diferente de errar também, o que torna-se relativo quando a pessoa pouco estudou, por falta de oportunidades. Adequar o discurso com eles é fundamental, linguagem rebuscada pode fazê-los se sentir piores e tirar a oportunidade de ouvir vários ensinamentos, mais sábio às vezes do que daqueles que vivem debruçados em formalidades e no que “é certo”, “única maneira” de viver e falar.