Roteiro de viagem
Uma viagem começa na imaginação, percorre revistas, sites, antes de chegar ao destino e continua quando volto para casa, com todos os ensinamentos aprendidos na estada. Na prática, este processo já acontecia, porém, só me dei conta dele quando a Karine Drummond, no mural do Facebook, escreveu:
A viagem começa na cabeça. Até você pisar lá são só hipóteses, mundos, pessoas e cheiros imaginados. É preciso deixar um quê de ignorância pairar até que você vá. Leia e estude um pouco, mas o resto a realidade fará seu papel. A inocência é também ingrediente dessa contemplação e mavavilhamento que te ataca ao viajar.
É assim que estou agora, entre várias tarefas para tornar o descanso tranquilo, tenho dado uma olhada no que me espera na semana de Carnaval. Por falta de tempo e por concordar com o que Karine disse, não tenho pesquisado tanto e tenho a certeza de que a estrada irá me surpreender. Já sei que tem mar, cachoeira, rio, mato e gente do país inteiro, já são informações suficientes para eu viajar antes de chegar o dia de entrar no carro.
Gosto de ouvir opinião de quem não procurou o melhor ângulo para mostrar um ponto turístico, daquele que nunca saiu da cidade e ainda se maravilha com o que o povoado apresenta e de deixar o olhar atento, pronto para enxergar o que nenhum guia conseguiu notar. É claro que a pesquisa aguça a curiosidade e norteia os primeiros passos, só que encontrar esses roteiros faz parte do que busco nas minhas andanças.
Uma vez, eu e toda turma estávamos tristes com os dias que teríamos que passar em Cataguases à trabalho. Eu nem pesquisei nada, pois a cidade era pouco conhecida e “fraca” (eu pensava) para competir com as históricas Diamantina e Tiradentes, por onde passamos também. Esta ideia durou até eu colocar os pés na Capital do Modernismo e Polo Mineiro de Cinema, foi quebrada pela realidade cultural encantadora do lugar. Afinal, não é em todo lugar que encontra-se painéis de Portinari em praças, obras de arte como rotina para os olhos e uma arquitetura que dispensa comentários.
Eu fiquei triste novamente quando precisei me despedir de Cataguases e planejei voltar, até hoje não fui, mas viajo em pensamento pelas ruas repletas de arte quase que diariamente. Volto ainda, com os mesmos olhos atentos da primeira vez e com a certeza de que vale a pena a estada. Mais do que isso, com a certeza de que qualquer destino deve ser avaliado não só pelo que falam sobre ele, mas pelo jeito que olhamos para ele. É assim que vou partir para meu destino carnavalesco e para qualquer outra viagem.