O sentimento que só traz angústia
O ser humano é um animal quase racional. Antes de pensar sente, coisas boas e ruins. É por isso que nunca consegui entender o remorso. Mesmo quando eu dou uma pausa para raciocinar um pouco antes de agir minhas atitudes têm a ver com o presente, o agora e principalmente com o correto (naquele momento pelo menos) e não com a imprevisibilidade da vida. Ser boazinha o tempo todo deixou de ser uma possibilidade há tempos, tenho preferido ser justa. O que não significa que por agir da maneira que eu considerasse correta eu não tenha machucado algumas pessoas. E até guiada pela razão tive meus momentos de explosão, de falar mais alto do que deveria, de deixar de fazer algo melhor, mas o remorso nunca me tocou mesmo quando as pessoas vítimas do que eu sentia no momento se foram.
O remorso é um sentimento que só serve para me fazer sofrer pelo que não tem conserto e nunca o deixei entrar no meu coração. Quando ele pensava em chegar logo o colocava para fora da minha alma com o perdão a mim mesma, caso fosse impossível fazer o pedido de desculpas para a pessoa que ofendi.
Orgulho não existe só de fora para dentro – em relação a outras pessoas para o que penso – vive de dentro para fora também – a partir do que sinto. E o orgulho é companheiro do remorso, quase irmão.
Explodir nem sempre é a melhor forma de resolver um problema, porém às vezes até resolve e a pessoa merece, a situação exige. Assim, mesmo com briga nem sempre peço desculpas, e conscientemente, não por orgulho, mas por sentir ser desnecessário. A vida também tem me dado a certeza de que é necessário analisar a atitude e todo contexto que a envolve e não a pessoa para depois agir. Gente boa também erra, pisa na bola, é um ser humano e erra como todos.
Eu às vezes até fico em silêncio quando me pedem para fazer algo pelo outro para não sentir remorso depois em respeito a quem fez o pedido. Só que eu não ajo pensando neste sentimento que realmente deve ser horrível, já que move tanta gente a fazer o bem meio que por obrigação. Minhas atitudes, boas ou não, têm a ver com o agora, o que sinto e acredito e não da possibilidade de querer voltar no tempo para consertar o que já se tornou passado e na pior melhor das hipóteses lição de vida.
O remorso, para mim, é quase um desconhecido, que só ouvi falar e nem quero deixar chegar. No lugar dele prefiro abrir espaço para o perdão e a humilde de reconhecer que o que rege a vida é o agora.