Quando família é amizade

Quando família é amizade

Na minha família chato é um adjetivo circunstancial, uma condição transitória que surge, normalmente, quando alguém exagera no álcool ou nas piadas em festas. Sabe o tio ou a tia chata? Eu só os conheço de vez em quando e morro de rir deles nos fins de festa. E a prima invejosa? Já ouvi falar dela em outras famílias. Causa-me enorme estranheza deparar-me com esses tipos característicos, seja nas novelas, filmes ou nas falas de amigos, conhecidos. Beira a ficção porque é uma realidade distante de mim. E não tem ninguém perfeito entre os meus, somos cheios de esquesitices, falamos sobre o que é torto no outro de frente e pouco importamos porque sabemos que realmente nos gostamos.

Dizem que amigos são a família que escolhemos. Eu acho que na minha família nós escolhemos ser amigos dos primos, tios, dos nossos avôs. Família pra gente é amizade, das mais verdadeiras. Não é raro ver um dizer que o melhor amigo está entre um dos familiares. E assim a gente viaja junto, sai em verdadeiras caravanas para shows, ajuda a segurar barras. O melhor de ter amigos na família é saber que a maioria sempre está por perto, aparece para um almoço, casamento, batizado e no nosso caso uma infinidade de programas que inventamos. É diferente  das amizades fora do seio familiar, que às vezes se perdem mundo afora.

Eu até prefiro uma festa de família do que outra, é garantia de que vou encontrar com quem prezo de verdade. Quem é amigo e tornou-se muito presente entende direitinho o que digo. A gente estranha quando dizem que festa de família é obrigação e fica chateado se complica marcar presença em algum dos eventos. Pra gente estar junto vai além do Dia das Mães, Natal ou qualquer outra data muito familiar. Claro que tem festa nessas datas também, somos daqueles que aproveitam todas as oportunidades para encontrar. Inclusive, a festa junina nossa já é tradição. Se não é dia de festa e estamos próximos, já é pretexto para prosear, fazer um caldo, assar uma carne ou fazer qualquer outra delícia, gastronômica ou não.

Tem quem olhe ressabiado e diga que a união é só para farra. Enganados. A gente já chorou muito junto, noutras vezes segurou as lágrimas para confortar o principal atingido pela história e sempre optou pelo que distraísse à lamentação. Somos, por natureza, amantes do que a vida oferece de melhor e quando ela vem com algum revés a tentativa é sempre suavizar o sofrimento com a convivência familiar. Até nos recolhemos um pouco, mas sempre tem um para puxar de volta, para ver o sol, o mar, comer algo bem gostoso, seguir em frente com os melhores amigos e família que pode existir.

 

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 2 comentários
  1. Andrezza Moreira at 20:53

    Chorei aqui… essa família é puro coração!!! Nas horas doces e amargas, a gente sabe que sempre podemos contar uns com os outros. Agradeço imensamente essa benção de ter tantas pessoas especiais por perto.

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