Presente útil

Só dá presente útil quem conhece de verdade. Ninguém se atreve a comprar uma blusa branca das mais básicas de aniversário se não sabe que o presenteado precisa da peça. Presente útil é prova de intimidade. Quem realmente me conhece nunca vai ficar sem ideia do me dar, pode ser um conjunto de post-its ou até meias quando todos os meus pares estão furados.

Já ganhei presente muito bonito, mas que nunca usei. Ficou lá, no fundo da gaveta, pois não se parece comigo, apesar de belo. Quando tentam me dar coisas para o lar por vezes os “erros” são ainda piores. Neste caso, como ainda não tenho casa própria junto tudo que acho bonito, como se fosse um enxoval, de uma mulher casada.

Eu gosto de ganhar presente de qualquer forma, mas quem acerta sempre é, normalmente, mais de perto. Até os mimos vêm com utilidade e são a minha cara. A maioria das vezes que ganhei presentes que ficaram guardados é porque foram recebidos em datas e eventos nos quais os presentes eram esperados, quase que obrigatórios.  Eu tenho quase certeza que foram comprados de última hora e de acordo com o que gostariam de ganhar. Não acho que seja errado, vieram de pessoas que têm alguma proximidade com minha família e não comigo, fizeram o que todo convidado gentil faria.

Só que quando desembrulho os presentes dos quais preciso vejo como prova de proximidade. É provável que eu compraria a blusa branca, a meia, mas eles pouparam meu tempo, acrescentaram carinho.

Ser presenteado com o que é útil é ser surpreendido pela obviedade do simples e do reconhecimento do que realmente precisamos. E essa identificação só é possível quando a pessoa é por si um presente na minha vida.