Os nerds de ontem e os nerds de hoje
Nerd era elogio para uns e xingamento para outros quando eu era adolescente, 1990, anos 2000. Orgulhava-se da classificação quem gostava de ser reconhecido pela inteligência, se dedicava aos estudos e tinha pouco ânimo tinha para as aulas de educação física. Eu era vista assim, tive que fazer um trabalho por não querer jogar handball na Escola Estadual Padre Nonô sobre vôlei, se não me falha a memória, escrito.
Até mentir que estava com dor de cabeça para usar óculos eu fui capaz, só para ficar com mais cara de nerd. Hoje, estudar é pouco para receber a denominação. Até quem deixa a desejar na escola pode ser um nerd, desde que tenha lido “O mochileiro das galáxias”, assistido Star Wars e seja fã de quadrinhos, games, super-heróis. O inteligente que prefere programas musicais, literatura brasileira ou russa foi colocada em outro pacote, o dos cults, inclusive já me remanejaram para ele. E agora já nem sei em que me enquadram, já que sou eclética, vou do brega ao clássico.
Mas eu acho que nerd continua a ser sinônimo de inteligente e atualmente reconheceram que a nota no boletim é pouco para definir o “QI” de alguém. Para ser esperto, intelectual, pode-se recorrer a várias fontes e a pessoa é bem mais completa quando ela sabe ir além dos livros didáticos. O problema foi só definirem que tipo de leitura faria da pessoa um nerd. Aliás, definições deixam muito a desejar, né?
Eu tenho ficado cada vez mais indefinida porque com o tempo notei que bom mesmo é conhecer o que há de bom em cada vertente. Já fui nerd, cult, dizem, hoje me defino como curiosa, embora nem tenha ideia se os outros me chamam de algo.
Neste dia do Orgulho Nerd, resta-me lembrar do quanto ser considerada nerd no passado me influenciou e expandiu meu universo. Eu espero que aqueles que assim são chamados também não deixem de fazer nada que tenham vontade para não ser desclassificado, como eu fui. Pois o que vale a pena é ser o que se tem vontade e não algo definido, ainda mais pelos outros.