O verdadeiro lazer

O verdadeiro lazer

Descobri há pouco tempo que lazer é fazer o que se escolhe nos momentos de ócio. É o que alguma organização com credibilidade diz, li em alguma revisão de texto que caiu nas minhas mãos, e dei um longo suspiro depois. Eu nunca fui chata, só sabia que o que consideravam diversão podia não ser pra mim.

Apesar de não lembrar o nome da instituição, compreendi também que depois de mais velha é que eu comecei a ter lazer de fato. E mesmo antes de ler o conceito, eu sabia que tinha muito a ver com liberdade de escolha em vez de imposição.

Aos 15 ou menos até os 20 e poucos o desejo do grupo ou até dos meus pais prevalecia diante do meu. Acreditavam me empurrar para diversão e lá estava eu obrigada em uma festa que nada me apetecia. Um exemplo: teve um réveillon que eu estava super de baixo astral, queria era dormir e minha mãe fez que meus primos fossem até minha casa me tirar de lá. Fui, vestida de preto. Nada havia de errado comigo, mais velha posso contar nos dedos as viradas de ano que não fico em casa. Tenho meus pequenos rituais, preces, desejos mentalizados, balanços sobre o que passou, mas confesso que às vezes nem fico acordada até meia-noite.

O trio “farra, pinga e foguete” nem sempre faz sentido pra  mim – às vezes “netflix, livro e cama” é bem mais legal. Depende do momento, cansaço, companhia, clima…  Agora que trabalho em casa tenho bem mais vontade de sair, mas não é toda festa que todo mundo vai. E tem uns programas que eu sou a mais velha no lugar, impressionante!

Parece que sou chata? Eu era no passado, quando me faziam a ir em vários lugares que eu não queria. Chata ou bêbada pra fazer tudo ficar mais legal. Agora não, quando vou é porque faço questão. Assim, abro o sorriso, aproveito a noite ou o dia porque é o que realmente quis fazer. É claro que ainda vou a alguns lugares para acompanhar amigos ou família, por causa deles, mas é uma escolha também, nada de imposição.

 

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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