Se um gênio aparecesse para mim provavelmente eu pediria unhas lindas, um cabelo de arrasar e sobrancelhas irretocáveis enquanto eu estivesse viva. Seria o sonho de toda mulher, né? Eu diria que não, estes deixaram de ser desejos exclusivamente femininos. Arrisco a dizer até que ,diferente de mim, que faria estes pedidos por morrer de preguiça de frequentar salões de beleza e por não dominar secadores e alicates, os marmanjos têm outros motivos. Eles, ou pelo menos boa parte, estão super vaidosos e acreditam que a beleza, deles e não só a nossa mais, é importante.
Olha que não falo aqui apenas dos rapazes mais abonados. Vivi um episódio que comprova isto. Eu morava em um bairro simples de BH, onde o poder aquisitivo é bem menor, e tive que esperar a manicure acabar de fazer as unhas de um cara. Quando ele saiu, a moça me garantiu que se atrasou porque o cliente era bem exigente, orientou-a em cada lixada de unha. Em outro canto do salão, um senhor grisalho pintava os cabelos de vermelho e tricotava ao mesmo tempo, falava de novela, das mulheres da vizinhança.
Um outro homem entrou para marcar um horário para desenhar as sobrancelhas. O sujeito levou até uma foto para a mulher seguir como modelo o design da sobrancelha da imagem . Assim – como se fosse um corte de cabelo arrancado da revista, só que uma sobrancelha. A “feitora” disse que era possível chegar àquele resultado.
Não me pergunte se ela conseguiu, seria noutro dia e nunca trombei com o cara para perguntar se ele havia ficado satisfeito. Mas como mulher que sou e partindo da premissa que eles estão cada vez mais parecidos com a gente, digo que se não saiu conforme a figura da revista, ele espalhou para todo mundo que a mulher o decepcionou. Caso contrário, ela deve ter ficado famosa no bairro, ganhou vários elogios e clientes, homens, claro.
No fim das contas, eu era a única cliente mulher no salão. Provavelmente, era a menos vaidosa e a que menos queria estar ali também. Não tenho nada contra. Afinal, os homens também têm direito de se livrar de estigmas que aprisionam o desejo de se fazer o que temos realmente vontade.