O problema que ninguém vê
Sou considerada uma pessoa calma. Afirmação que às vezes me assusta. Nem sempre me reconheço tranquila, em certas épocas quase nunca. Mas dizem que são os outros que nos conhecem de verdade e não nós mesmos. Acho isso uma baita mentira.
O certo é que os outros sabem como sou com eles, não no todo. Eles conhecem minha superfície, a ponta do iceberg. E nisso, confundem paciência, tolerância, com calma. Pois, a tolerância é com o outro, não comigo. A calma é algo bem maior, uma paz de espírito, um estar de bem interior e não com os outros.
Ser tolerante às vezes é um porre, pouco resolve e até errado é. Em certas situações tem que falar a real mesmo, não para conseguir o que quero, mas o certo, o justo. Não preciso tolerar o que é errado, injustiças, o outro querer conseguir vantagem ao me prejudicar. Isto é ser covarde e não calmo. É dar razão a quem se aproveita da calma do outro.
Talvez me considerem tão calma porque meu senso de certo, errado seja um pouco diferente do habitual. Não dou espaços para mimimi e discussões para o que pouco vai mudar minha vida. O que incomoda uns eu nem observo porque não me afeta. Aí parece que eu não me importo com nada, suporto tudo, sou feita de aço e muita calma. Não é assim. Tenho meus limites, quando são atingidos perco minha calma interna, mas o que veem não transparece por causa da minha tolerância. Às vezes relevo, às vezes pareço relevar porque raramente converso de forma alterada.
Mas tenho aprendido a brigar pelo que é certo de outras maneiras, bem de mansinho. Quando vejo que só um choro justo e palavras mais duras resolvem uso como último recurso. Não gosto, detesto, porém menos certo ainda é deixar que cometam pequenas ou grandes injustiças contra mim e com quem estiver comigo. Isto é tolerância, calma é algo bem superior.