O menino que me fez chorar
Bruno me fez chorar, muito e copiosamente. Bruno me fez chorar por causa de seu triste fim com apenas nove anos de idade, me fez chorar por mostrar que o mundo é cruel e pode ser pior em alguns momentos da história por causa da insanidade humana. Bruno me fez chorar ainda mais quando encontrou Shmuel, o menino do pijama listrado. Mas me fez sorrir, embora com a tristeza a todo momento lá no fundo, por causa da amizade dos dois, que deveriam ser inimigos, entretanto a infância não os deixasse saber.
Eu conheci os dois nas páginas de John Boyne, com uma narrativa linda quanto à forma de escrever. Nas telas não sei como foi retratado, mas no livro é tocante e pertubador acreditar que tudo foi baseado na história real do holocasto e tem como principal cenário Auschwits, o pior campo de concentração nazista. Foi uma história lida em dois dias e que nunca sairá da minha mente.
Eu fiquei impressionada quando li no Skoob, rede social de leitores, que o autor subestima a inteligência da criança por não saber quem era Hitler na avaliação de alguns. Mas ao conversar com pessoas que viveram na época da Ditadura no Brasil, elas dizem que pouco sabiam do que ocorria e já eram adultas, então, não é estranho para mim uma criança de oito anos não saber do que acontecia.
Na história, Bruno fica entediado por ter que se mudar com a família para uma casa menor e menos confortável. Lá não há nada para fazer e ele decide explorar o local. Um dos lugares que mais geravam expectativa era um ponto cercado com várias pessoas com roupas iguais e é lá – um campo de concentração – que as partes mais tocantes do livro se passam. Naquela cidade, Shmuel, um menininho judeu com a mesma idade de Bruno, faz aniversário no mesmo dia até, é o único amigo dele. Os encontros são a beira da cerca, pois o garoto alemão não pode passar para o outro lado. Ele fica intrigado com muitas questões, inclusive por todo mundo usar pijamas listrados e fatalmente tenta o disfarce para entrar na área do amigo.
Para finalizar, dois trechos do livro “O menino do pijama listrado” para se ter uma ideia da obra:
Todos no campo usavam as mesmas roupas, aqueles pijamas com os bonés de pano também listrados; e todos que passavam pela sua casa (exceção feita à mãe, Gretel e a ele próprio) vestiam uniformes de variadas qualidades e graus de condecoração e quepes e capacetes com grandes braçadeiras vermelhas e negras e traziam armas e estavam sempre com o semblante terrivelmente severo, como se tudo aquilo fosse muito importante e ninguém pudesse pensar diferente. Qual era a diferença, exatamente?, ele se perguntou. E quem decidia quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?
“Polônia”, disse Bruno, pensativo, medindo a palavra na língua. “Não é tão boa quanto a Alemanha, é?” Shmuel franziu o cenho. “Por que não?”, perguntou ele. “Bem, porque a Alemanha é o maior de todos os países”, respondeu Bruno, lembrando-se de algo que ouvira o pai comentar com o avô em certo número de ocasiões. “Somos superiores.”