O estrondo de uma resposta silenciosa
O silêncio é perigoso. Uma doença calada, assintomática, faz mais barulho do que uma simples gripe ou sinusite que me deixa em casa por uns dias. Os males silenciosos são os mais perigosos: quando aparecem provocam estrondos absurdos, são bombas nucleares, daquelas que deixam a normalidade longe, às vezes impossível de ser reconstruída, pelo menos para alguns.
É por isso que quando pergunto algo, exijo explicações, fico apavorada com respostas sem nenhum som. Sei que por traz da boca calada há uma realidade pior do que imagino. Por já ter ganhado algumas rasteiras do silêncio, ele faz um barulho muito maior do que qualquer grito, mostra que devo agir; e rápido. Se o outro fala, mesmo o que me desagrada, tenho como propor soluções, tenho a matéria-prima para transformar realidades.
Claro que a conversa só vale se virar um diálogo e o diálogo só tem valor se transformado em prática.
Eu tenho fama de ser calada no trabalho (ou tinha), mas quando algo me incomoda falo logo, sem gastar demais as palavras, mas na hora certa e com as pessoas que têm poder de decisão. O silêncio já foi responsável por muitos nós na minha garganta, causava dores psicosomáticas e levava a brigas homéricas, uma destruição sem precedentes. Assustava, principalmente diante do comportamento que normalmente tenho.
É por isso que quando recebo como resposta o silêncio ajo conforme minha consciência. Se a pessoa prefere conversar, tento fazer o melhor para as duas partes, mas se fica muda não tenho como saber e o barulho dentro de mim, da minha cabeça, ganha proporções enormes, impede que eu fique quieta.