Arroz de Palma: um livro para saborear
O livro Arroz de Palma toca, poeticamente, em dilemas e delícias vividos por qualquer família. Deve ser por isso que a história nunca repousou em minha estante, está sempre nas mãos de outro leitor, e nem é ninguém que me pede, eu sempre dou um jeitinho de falar sobre Arroz de Palma e de emprestá-lo. Tudo porque acho ser uma obra que todo mundo deveria ler. É uma prosa poética que sensibiliza e faz refletir bastante.
Conta a saga de uma família portuguesa durante um século no Brasil, não dos colonizadores, mas dos que para cá vieram em busca de uma vida melhor, nas páginas de Francisco Azevedo. Poderia ser sobre os Camargos, os Silvas, os Costas, Oliveiras…
Nas livrarias virtuais, o livro é descrito como primeiro romance a falar da imigração portuguesa no século XX. Para mim, o movimento histórico fica como fundo, o assunto principal é mesmo a relação entre irmãos, pais e filhos. São situações simples, nada extraordinárias, como casamentos que dão certo, outros que se desfazem, as brigas e reconciliações entre irmãos, além do envelhecimento e morte. Acredito que por ser tão comum é que a obra se faz extraordinária, impossível não ter passado por muitas das situações contadas.
O amável narrador me deixou muito brava em alguns trechos, tudo para provar que o livro Arroz de Palma é sobre a condição humana, que todos estão sujeitos a deslizes. No fim das contas, fiz como na vida mesmo, o perdoei, afinal, ele me deu mais motivos para sorrir do que para chorar.
O livro também mostra a importância de saber sobre as raízes, ancestrais e relembra fatos aparentemente banais, como a troca de cartas. Taí outro aspecto que fez com que eu devorasse o Arroz de Palma rapidamente e esteja digerindo-o até hoje. Amo causos, estórias antigas… E tem outra, em meio a tanto que qualquer um pode ser personagem, o autor Francisco Azevedo tem como fio condutor um arroz encantado, com um realismo fantástico lindo, à la Gabriel Garcia Marquez.
Finalizo o Texto do Dia desta quarta com um trecho lindo da obra.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras, apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada – seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado – uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável – quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto.
Tô na fila pra saborear tb!
É lindo, Alê. Te empresto assim que a outra leitora entregar. Beijo!
Gostei do trecho: lindas comparações.
Nunca pensei em ter a minha família comparada com comida. Lindo texto.
bjs
http://WWW.PAINELPARACONGRESSO.COM
É maravilhoooooso, Carmen. Vale a pena ler!
Segunda da fila!
Nossa que bacana *-*
Diferente rs
Beijos
http://www.todaonca.com.br
Simplesmente maravilhoso o texto do dia de hoje! Muito bom mesmo!
http://adoiis.blogspot.com.br
Nunca ouvi falar desse livro, mas agora fiquei com vontade de ler!
É lindíssimo, vale a pena!