Insônia: fábrica de insatisfações
Impressionante como os pensamentos ruins gostam das noites solitárias. Eles dão um jeito de serem as únicas companhias da minha insônia que, aliás, há muito andava sumida. Nesta noite em questão dois problemas não arredaram o pé. Deu desassossego, nem com reza os pensamentos tristes foram embora.
Minha mãe, evangélica que era, diria que é porque rezei em vez de orar. E falo que até prefiro orar, sem repetir nada, usar minhas própria palavras. Porém, quando muito nervosa elaborar uma oração vira tarefa hercúlea.
Eu que nem em santo tenho fé me vejo na vigésima Ave-Maria, emendo com Santa-Maria e outras rezas pra espantar os pensamentos que não me deixam dormir. Até um rosário inteiro sou capaz de rezar. E no fim acredito mesmo é na energia. O problema é que nessas rezas que faço durante a insônia mora o medo. O medo não tem lá uma vibração muito boa. E reza com o medo espantando a fé dá certo não.
O mundo é cruel para os insones, propõe batalhas de um soldado sozinho contra todos os medos e traumas no escuro. A Terra se torna um lugar amedrontador nas noites em que custo ou não adormeço. Com os primeiros raios de sol a ansiedade fica menor e um ou outro pensamento bom começa a aparecer até que eu pense: como é que farei para sobreviver ao dia se nada dormi?
Pior, ou melhor, que às vezes o cansaço convive bem com os afazeres. Sei lá o que dá em mim, acho que a responsabilidade pesa bem. A rotina obriga os medos, ansiedades e preocupações irem para longe. Ainda bem!
Mas nem com tudo que o dia guarda e a noite em claro garanto que quando o sol se por vou dormir. É uma batalha contra maus pensamentos que não gostam que eu sonhe, se adormeço ou em uma noite inteira sem piscar.