Indicação de livro: A arte de ser leve
Sabe aquele livro do qual muita gente fala e você leva anos para ler? Foi assim com “A arte de ser leve”, da Leila Ferreira. Li depois de assistir a um bate-papo dela mediado pela Ana Elisa Ribeiro na Festa Literária de Divinópolis (Flid). O encantamento que tive por Leila pessoalmente, mulher super simpática, simples e sábia, foi o mesmo com o livro escrito por ela. Nele, a autora mostrou o que descobriu ao percorrer vários países do mundo para entrevistar pessoas leves ou que estudaram a leveza e o que é importante para atingi-la: bom humor, gentileza, descomplicação, desaceleração. Também entraram na roda a convivência e a felicidade, a última com um enorme ponto de interrogação, já que pode-se ter leveza quando se está triste ou feliz. Além disso, o conceito de felicidade é difícil de ser definido, por isso a cara de pergunta do capítulo.
Leila entrevistou desde filósofos, como Mário Sérgio Cortela, passou por atores até pessoas que pouco saíram dos lugares onde nasceram. Assim, como pode-se perceber, “A arte de ser leve” está longe de ser autoajuda, é mais um registro do que a jornalista descobriu em Tragédia, Araxá, Rio, São Paulo, Portugal e outros países. Ela aborda vários pontos da atualidade, como a obsessão por estar conectado e tantos “tem que ser”, “tem que ter” da nossa época. Também entra em situações que parecem simples, mas que fazem diferença, como o excesso de barulho do mundo, a falta de gentileza.
Ela contou sobre um prédio que fiquei especialmente curiosa em conhecer: o Prédio das Viúvas de Araxá. O dia que eu for na cidade, com certeza vou lá ouvir umas histórias, as mulheres parecem ser bem divertidas e segundo a Leila há até fila de espera para morar no edifício. As que estão prestes a ficar viúvas, por causa de doenças dos maridos, já sondam se há vagas. Parece que o destino das que vão morar lá é transformar-se em amigas, quase família. Assim, a viuvez é encarada com mais leveza.
Quando cheguei ao fim da leitura me perguntei porque demorei tanto a ler um livro que tem muito a ver com minha maneira de encarar a vida e que ainda me brindou com histórias, personagens e lugares maravilhosos. No caminho da leveza, ainda tenho muito o que fazer e deixar de fazer. Ser leve é bem difícil, ainda mais em um mundo que gosta de peso, exageros, porém tenho ido em frente. O livro da Leila, com certeza, me mostrou ainda mais os motivos para continuar em uma estrada bem menos difícil do que a maioria opta em pegar.