Ibitira é onde chamo de casa
Há dias continuei minha viagem aqui no blog, nos meus pensamentos, mesmo com os pés fincados em Divinópolis. Fiquei longe de casa por 48 horas, voltei com histórias para semanas e continuo o trajeto dentro de mim. Com a cabeça no meu travesseiro, o pensamento ainda revisita ruas, museus, conversas…
E eu sei que é bom continuar a viagem em casa, com energia renovada para fazer bem àqueles que convivem comigo. Aliás, ficar longe por muito tempo me entristece. Eu sabia disto, no fundo, há tempos. Dizia que o sonho era percorrer o mundo sem endereço fixo, porém em um trailer, para levar a casa nas costas. Eu já tinha até a frase de uma música que iria percorrer o Brasil comigo, quiçá o mundo, a qual seria pintada no meu moto home:
Estrada de fazer o sonho acontecer
Entretanto, com o tempo vi que não fazia sentido nenhum percorrer a Terra sem poder voltar para onde tudo começou. Ter um clube à esquina, velho conhecido, é tão gostoso quanto fazer amizades pelo mundo. Longe, daquelas lonjuras que se prolongam, dá uma saudade doída até da cama, ficar sem ver quem gostamos esvazia o coração, com o passar dos dias me sinto sozinha, mesmo em um destino bonito e com várias pessoas novas.
Em casa tenho o conforto de achar tudo do meu jeito, dormir em um colchão que já se encaixou ao meu descanso e a liberdade de poder me deixar descabelada, sem nenhuma preocupação. Já sei com quem posso contar também, o receio de ficar só passa longe. Meu marido está sempre a postos, sabe o que fazer para facilitar o meu dia e eu o dele.
Foi de tudo isso que senti falta quando fiquei quase um mês fora, a trabalho. Na época, o afastamento de casa me proporcionou diversos momentos inesquecíveis, porém, estava cansada da vida em hotéis. Nos últimos dias tive tanta vontade de ir à Ibitira, onde fui criada, quanto à Europa. Lá sempre será minha casa, mais do que qualquer outra morada.
Ibitira é mais lar do que meu apartamento em Divinópolis. Quando vejo o jardim de casa a alma ganha um afago, carinho de lembranças e de sonhos de futuro em família. Quase não perambulo pela praça de Ibitira mais, porém só de ver sinto minha infância e juventude à frente. Como fruta do pé, biscoito frito por alguma doninha, feijão tropeiro que só o pai faz… E mesmo as tardes no sofá valem por viagens movimentadas.
Parar na terra onde fui criada é ver o tempo dar voltas pelas lembranças de quando eu tinha minha mãe, amigos na rua, vizinhos dos quais sei o nome e saborear o macarrão da minha querida/saudosa vó Maria com o pensamento. Que gosto bom tem a minha terra, aromas que me perseguem a qualquer distância, sempre me lembram que o meu porto está lá. E eu volto, feliz!
É tão raro encontrar quem sinta tanta falta assim de onde veio… Geralmente só se olha pra frente, nunca pra trás. Talvez olhar para trás tenha o seu calor.
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Que post lindo! Bateu saudade da minha casa <3
Que lindo o texto, Talita! Há cerca de 3 anos moro fora de casa, saí extremamente cedo, ainda imatura. Aprendi muita coisa, inteira ou pela metade, mas aprendi. Só que o colo de mãe e o afago do pai são insubstituíveis. Muito bom poder conversar e, assim, refletir sobre o vai e vem de nossas vidas corriqueiras. Parabéns!
Beijos querida
Que texto lindo!!! Como sempre arrasando!
Beijinhos