GTO: arte de um sonhador
Dizem que é com o sonho que tudo tem início. Com Geraldo Teles de Oliveira(GTO) a afirmação soa quase literal. Aos 52 anos, o homem que havia trabalhado como vigia e tinha se dedicado a tarefas do campo revelou-se na fragilidade. A saúde deu sinais de enfraquecimento e serviço tornou-se difícil. Aí que ele começou a sonhar. Um sonho que o atordoava, mostrava o que era para ele fazer na voz do Criador. Pegou pedaços de madeira e começou a talhar.
Era arte em estado bruto, gênio sem saber, um predestinado a encantar o mundo naturalmente, do jeito que era. Tão natural que ele não tinha consciência do quanto era valioso o que fazia. O neto Alex Teles conta que as esculturas eram vendidas baratinhas no início. Só que da mesma forma que Deus mandou a missão, enviou anjos para mostrarem à GTO o valor das obras.
O simpático morador do bairro Niterói, em Divinópolis, ficou conhecido na cidade. Talhava em frente ao Hospital São João de Deus no início, carregava tudo em um carrinho e a notícia se espalhou até que chegasse aos ouvidos de Aristides Salgado, ex-prefeito e na época estudante. Foi levado à casa de GTO e encantou-se com obras de uma expressividade nunca vista antes. Tornou-se amigo de Geraldo, conselheiro e levou informações sobre a arte de GTO para além de Divinópolis. Elas se transformaram em propostas para vender, expor. Outro anjo também foi enviado, Lázaro Barreto, escritor, grande amigo do artista.
Os sonhos continuaram até o final da vida e revelaram a GTO formas maravilhosas. Segundo o neto, também mostravam cenas históricas. O avô que nunca havia lido nada sobre guerras e com pouco estudo narrava cenas como as da Guerra do Paraguai.
Era astuto sem saber, inovador. Fez da casa em que morou um dos primeiros museus particulares do Brasil, deixou uma tábua com todo processo criativo para estudo de quem quisesse entender a arte que nasceu do sonho. E como tem gente que estuda GTO – por causa do sonho e da arte. Especialistas dizem que apenas no México há registro de algo que lembra o que GTO fez. Hoje há três outros que dão continuidade à arte de Geraldo, mas cada um com sua identidade.
Outra curiosidade: Mário Teles, também escultor em madeira, filho de GTO, era artista desde antes do pai se revelar artista. Porém, os trabalhos eram em pintura, só foi para a madeira quando o pai precisou de ajuda, tanto nos negócios quanto para produzir.
Não é àtoa que ganhou tantos prêmios, ficou conhecido mundialmente.
Ainda bem que GTO sonhou e faz qualquer pessoa que olhe as esculturas dele sonhar também.
Museu GTO em Divinópolis
Quem quiser ver de perto algumas esculturas de GTO pode visitar o museu dele em Divinópolis, no bairro Niterói. Há trabalhos de Mário Teles e outros da geração GTO também.