Diário de Estrada

Diário de Estrada

Ramon Santos é um jovem com menos de 20 anos, depois de perder muito, especialmente o rumo, decidiu se aventurar pelas estradas do Sul do país onde encontrou muitas respostas e perguntas. Toda esta aventura pode ser acompanhada nas páginas do “Diário de Estrada”, livro que o viajante escreveu e me deu a honra de conhecer.

Eu terminei as 201 páginas com a certeza de que quem opta por esta vida nômade tem que estar muito disposto a encarar qualquer tipo de trabalho. Ramon não decidiu sair por aí para pedir esmola, ficar na posição de vítima. Em cada parada arrumava um emprego sempre que possível. E olha, na maioria das vezes, eram tarefas muito pesadas e pouco valorizadas, mas que lhe davam algum dinheiro ou nenhum. A moeda de pagamento, muitas vezes, era conhecimento.

Ao longo da viagem, ele ficou rico com o que pescadores lhe ensinaram, caminhoneiros, pessoas que viviam em comunidades rurais e até em uma reserva indígena. A filosofia de que se quiser ajudar um homem é melhor ensiná-lo a pescar do que lhe dar um peixe foi levada a sério por quem conheceu Ramon. No entanto, o mérito vai sobretudo para ele, que não ganhou nenhum centavo sem trabalhar. Se ele tivesse pedido tenho certeza que conseguiria algo, mas preferiu levar conhecimento útil para a viagem.

Em algumas partes fica claro que apesar de ser do mundo, Ramon queria ter alguém a quem se prender, nem que fosse por uns dias. Antes mesmo de decidir partir da casa da mãe, as paixões tiveram muita influência na vida dele, inclusive com a escolha de vida. O que as garotas causaram a Ramon, na fase pré-estrada, vai bem além de decepções bobas de adolescentes – desde uma moça que não o assumia até outra que abortou um filho dele. No caminho, teve algumas namoradas, mas sempre tinha algo que dava errado. Acredito que uma hora a história teria que desandar mesmo, pois o destino era partir mundo afora.

Ramon teve alguns problemas com a polícia, muitas vezes por dormir em barracas e por causa da aparência. Ele relata que todas as vezes precisava explicar a história, a qual nem sempre era entendida. Ele já chegou a ficar sem a barraca e viu os pertences revirados. Nos albergues públicos a situação era diferente, lá era o lugar onde era tratado como gente.

Minha avaliação é que “Diário de Estrada” é uma ótima história. Quanto ao português, não há nada truncado, sem sentido, grave, alguns errinhos passaram, mas por ser uma obra longa e que provavelmente não passou por revisão, já que ele é escritor independente. Ressalto que isto não tira o valor que o livro tem.

Abaixo deixo um trecho do livro, o qual revela a essência, para mim, do que é o “Diário de Estrada”.

Mas ali, envolto em uma utópica sensação de conforto pude ao menos por instante esquecer as noites de frio que passara até o momento e a irritante tosse que me acompanhava desde Caxias do sul. Acho que nesta hora, longe de casa, com frio, e praticamente sem dinheiro,qualquer pessoa em sã consciência estaria preocupada em como retornar ao lar, porém eu apenas estava me preocupando em como registrar tudo que estava vivendo e sentindo.

Ramon está no final do segundo livro e ainda haverá um terceiro de poesias como continuação. Estou ansiosa pelos outros para continuar a viajar com ele.

Link para adquirir o livro e embarcar nesta aventura

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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There is 1 comment for this article
  1. Tai Lacerda at 18:38

    Fiquei encantadíssima com a resenha, porque trouxe minha brisa preferida. Um dos meus grandes sonhos é viajar sem rumo como Ramon, portanto me identifiquei de forma muito especial com a história. Espero poder ter contato com a obra em breve.

    Beijos.
    esqueteoito.blogspot.com

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