Descobertas sobre Brasil e França em inglês

Descobertas sobre Brasil e França em inglês

Conversar com estrangeiro no Brasil é descobrir o seu próprio país. Mesmo em inglês eles nos traduzem, do ponto de vista de quem nos vê pela TV, jornais ou mesmo pelo contato com outros brasileiros. Mas a francesa Laurie, que conheci em São Paulo, queria ir além. Ela deixou que eu escolhesse tudo, comes, bebes, lugar. Até tentei descobrir o que agradava o paladar da moça, mas a resposta era sempre: pode escolher. E olha que acertei, a carne seca foi aprovada, ela disse mais de uma vez.

Enquanto lanchávamos,  falamos sobre Charlie, volta ao mundo – ela já conhece a metade, futebol e música. Sobre isso, inclusive, não fiquei surpresa quando ela disse conhecer um, só um, cantor brasileiro. O nome era Michel, havia esquecido o sobrenome e eu logo completei: Teló. Bem que o gaúcho da fugidinha tinha dito na época do hit que ele fez os gringos cantarem português. Não tenho nada contra, só contei para Laurie que tínhamos muitos talentos aqui, na hora tocava uma canção de Zeca Baleiro e ficou fácil comprovar.

Eu nem pude ficar brava, pois a única cantora francesa que conheço é Carla Bruni. Até gosto, porém com certeza eles têm outras vozes lindas também. Também falamos sobre Carnaval e eu desmenti que todo brasileiro tem samba no pé. Pelo meu jeito, ou melhor, falta dele, deu para acreditar e ela ria dos meus porquês para a falta de habilidade.

E ainda sobre brasileiros conhecidos, ela citou jogadores e logo veio a lembrança do fiasco na Copa. Laurie não poupou os canarinhos, disse que a seleção tá mals. Eu só pude concordar e ainda completei que o cenário da vergonha, dos 7X1, foi o nosso Mineirão. Para encher um pouco a bola dos jogadores, aproveitei que a prosa desaguou em Minas e fiz um alerta. Falei logo que os melhores da atualidade eram Cruzeiro e Atlético, para ela não deixar que os paulistas e cariocas a enganassem, rs. Ela foi ao Rio e estava em São Paulo, não podia deixar que ela só ouvisse falar em Flamengo e Corinthians com os resultados dos mineiros. Contei a proesa dos últimos tempos dos times com gosto, acho que fui convincente, rs, até desconsiderei a rivalidade e enchi o peito para falar da Raposa.

Brasil e França ou Brasil X França?

O mais engraçado é que ela podia ter me zoado, assim como eu tirei onda com paulistas e cariocas. A primeira grande vergonha do futebol daqui foi Brasil e França, só que Laurie não queria guerra, preferiu dizer que a seleção francesa também não estava nos seus melhores dias. Ufa, só lembrei deste lamentável episódio quando comecei a escrever este texto.

Na nossa prosa ainda coube diferenças do ensino francês e brasileiro, planos para o futuro e um “Let me know when you go to France”. Eu prometi que vou levar uma havaiana de presente para ela, já que reclamou que lá o chinelo faz sucesso, mas são caros e não há tantas opções.

Ela foi tão legal comigo que nem fiquei envergonhada de ter falado sobre o país com um inglês que tá pra lá de enferrujado. Aliás, este nunca foi um problema. Eu nunca perco a chance de saber o que pensam de nós e de saber um pouco sobre eles também, mesmo que isso signifique algumas manotas. E sempre será assim, o que importa é conhecer gente como a Laurie.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 8 comentários
  1. Íris Ramsés at 1:02

    Nossa, estou ficando MUITO fã dos seus textos. Sou doida pra aprender inglês direito e conversar com os estrangeiros, sabe ? Pedir opiniões reais que não serão distorcidas pela mídia.

    minhaspalavrasoblog.blogspot.com.br

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