Desapego no casamento: tão necessário quanto na solterice
“Ser eu” às vezes é menos egoísta do que “ser nós”. Privar o companheiro de desfrutar do que gosta ou de decidir por si só o que vai afetá-lo mais que todo mundo é pensar apenas no próprio bem e fantasiá-lo de pluralidade, com boas doses de drama, com a desculpa de que “só quero o seu próprio bem”. Arrastar o outro para o que só eu gosto é das maiores bobagens também. Há de haver um dia na agenda em que um não pode, momento perfeito para fazer o que é um gosto individual, específico, talvez até egocêntrico no bom sentido.
Eu gosto de dar abertura para o que nunca imaginei fazer para ser “nós”. Uma chance ao novo, à experimentação. De vez em quando descubro programas, comidas e lugares até então proibidos, inimaginados. Sacrifico, vez ou outra, algo que gostaria de fazer, mas seria bom apenas para mim. Porém, procuro sempre avaliar quando posso separar o que é plural e o que pode, deve, ficar no singular.
Às vezes confundo quando posso ser só “eu” e quando tenho que ser “nós” no casamento, confesso. E trocar a singularidade pelo plural e o plural pela singularidade a dois é conflituoso, motivo certo para briga.
O bem querer leva a avaliar todos os aspectos da vida do parceiro, por mais individuais que sejam. O eu fica lá, a margem. Claro que muitas são as situações que abro mão do que quero em prol do nós, mas há escolhas que continuam a serem só de um, porque atingirão diretamente quem as fizer.
Qual caminho seguir profissionalmente, por exemplo, tem impacto direto na vida de quem segue na estrada escolhida embora reflita em termos financeiros e de horários para o casal. Assim, fica difícil separar o eu de nós, porém é preciso. É quem vai bater o cartão que se sentirá feliz no trabalho ou não, chegar bem ou extremamente frustado em casa. Se volta feliz, o humor a dois também será melhor, vale a pena pagar o preço para deixar o outro escolher sozinho. É um exercício de desapego, pois reina a ideia de que casal não pode desgrudar, nem decidir nada individualmente.
Encontrar no marido ou na esposa alguém para conversar sobre as escolhas é ótimo, o difícil é separar conversa amiga de imposição. Às vezes pela tensão quem precisa se decidir ouve com ares de ordem ou quem aconselha pensa que terá o veredicto em mãos, sem admitir ser contrariado.
Desapego também é preciso no casamento, não é algo exclusivo de quem teve uma história mal sucedida e precisa deixar ir. Aliás, o desapego a dois é mais custoso que a coletividade, pois desde sempre ensinaram que é preciso pensar no casal e não em si próprio apenas quando se vive junto. Realmente é, porém deixar o outro existir autonomamente é pensar nos dois também. Desapego é respiro para o casamento, para quem quer ter uma vida de casado mais leve.
Todos os manuais de escrita dizem que vc deve fisgar seu leitor nas 10 primeiras linhas, seu começo deve ser ótimo… Vc fez essa lição certinha hahaha
Amei o texto como um todo, mas ele me impactou ainda mais pelo excelente começo…
Sobre o assunto não sou perita, pois nunca casei… Mas já tive vários namoros (um deles bemmmm longo) e concordo plenamente.. A individualidade nem sempre é fácil de se alcançar em um relacionamento, mas é fundamental para que seja uma união saudável e feliz….
Parabéns pelo texto..
Bjo
Adorei o texto,as pessoas estão dadas aos extremos,ou são muito egoístas ou se dedicam integral e intensamente ao casamento,mas como você disse,o desapego é realmente um respiro na vida a dois,um pouquinho de individualidade faz muito bem ao relacionamento.
bjsss
Apaixonadas por Livros
Estou junto com meu namorado há quase 12 anos, e moramos na mesma casa há 6. Se não fosse o ato de “desapego” não estaríamos juntos há muito tempo. Na realidade, ele consegue lidar com isso melhor do que eu, eu sou mega impulsiva e muitas vezes autoritária, e ele é o ele de união, o que pensa com calma e pondera o efeito das decisões. Parabéns pelo seu texto, ele é realmente muito bom.
;D
https://profissaoleitora.blogspot.com.br
Oie!
Bom antes de tudo, parabéns pelo texto!
Gostei muitíssimo dele, hoje em dia com a correria do mundo acredito que um tempo para respirar é imprescindível para todos. Saber respeitar e aceitar o espaço do outro é fundamental. Ainda não sou casada e nem tenho namorado atualmente mas para mim suas palavras foram universais.
bjs