Amor (im)perfeito
No pensamento, existe a pessoa do tamanho dos sonhos. Talvez, por isso é tão custoso achar alguém com quem desejamos passar os momentos bons e ruins. Afinal, namorar também é suportar o que é torto no outro, o amor imperfeito e dar força quando houver mais espinhos do que flores. Porém, nos planos não há lugar para defeitos. E deste jeito a realidade só parece apresentar quem não está na medida. Sobra de um lado e falta do outro. Isso só não irá acontecer se enxergarmos que neste pacote há características necessárias a nossa vida e que nem sonhávamos.
Foi assim comigo, me recusava a conhecer meu marido porque o descreviam como tímido e sistemático. Fugi, mas o destino nos juntou. Nem me lembrava que ele era o rapaz que um amigo queria apresentar. Tive uma boa primeira impressão, entretanto não considerava a ideia de namorar por causa de “defeitos” que eu não aceitava. Até disse em tom de brincadeira, porém funcionou, que não queria saber de tímido. Ele falou que pelo menos comigo não deixaria que a timidez aparecesse.
Ao longo dos anos descobri dezenas de defeitos e outras tantas qualidades que não estavam nos planos. Ele também viu em mim coisas que não gostou. E nunca nos calamos diante do que desagrada. Aí nos ajustamos todo dia, pois temos a oportunidade de refletir com as observações. Claro que não mudamos tudo, isto nos anularia.
Para mim é isso – a gente não chega pronto, não é feito para ninguém, mas nos moldamos. E quem ganha não é só o par, mas todos, pois nos tornamos melhores e mais felizes para o mundo.
Sobre o texto
Publicado originalmente no Caderno Especial de Dia dos Namorados do Jornal Agora.