Amor de fã
Eu já chamei fãs de estranhos, mas de uns tempos para cá tenho mudado minha concepção. Hoje eu sei bem mais sobre Los Hermanos, Beatles ou Fabrício Carpinejar do que sobre meus vizinhos e outras pessoas fisicamente próximas. Às vezes me pego pensando se o nome de quem divide a parede da casa com a minha é dono do nome no wi-fi, dos meus ídolos sei bem mais que a alcunha. Não é exagero dizer que se tudo corre bem eles pouco têm influência na minha vida, já minhas bandas e livros não, mudam meus comportamentos, me ajudam a entender algumas situações.
É comum eu lembrar de uma música ou frase no meio de uma tempestade e por incrível que pareça eles me ajudam a passar pelo vendaval. Sim, meus ídolos fazem diferença nos meus dias mesmo sem saberem meu nome ao contrário do que eu pensava há um tempo. Às vezes dou muito mais ouvidos a eles do que gente que faz parte do meu convívio, os ensinamentos sem querer dar nenhuma lição, fazem mais sentido do que muitos dizem.
Assim, fã tem direito de ficar feliz apenas por respirar o mesmo ar que o ídolo. Eu imagino como devem estar os fãs de Roberto Carlos com a presença dele na véspera do show em Divinópolis. O Rei chegou a tardezinha para um show que está marcado para amanhã a noite e deixou a esperança de os fãs esbararem com ele nas imediações do Hotel JB, onde está hospedado.
Eu ainda acho que ele vai passar o tempo acompanhado de um bom livro, talvez assista a algum filme, veja TV, durma. Mas fã é um ser obstinado, é capaz de acampar para não perder o ídolo de vista e fica feliz com uma foto ou um autógrafo de alguém que sequer sabe o nome dele ou vá lembrar dois, três dias depois. Ele não, vai contar para todo mundo e sentir-se mais realizado depois.
Cantores, escritores e outros profissionais de sucesso têm mesmo uma responsabilidade e tanto. Mais do que emocionar ou ser referência, eles mudam conceitos e até atitudes. Vai ver está aí a explicação para o louco amor de fã.