A insistência que salva
“Só tem como ajudar quem quer ser ajudado”. Este ditado sufocou meu coração, invadiu meu pensamento e ficou martelando na última semana. Eu, que sempre concordei com ele, comecei a pensar:
Será que só posso, devo, ajudar quem quer mesmo?
Lembrei de conhecidos que se perderam em transtornos mentais e vontade era algo que eles não tinham, de nada – apenas de ficarem quietos ou como estavam, no fundo do poço. Gente que era muito feliz, produtiva e que a depressão invadiu a vida, bagunçou tudo. Nem falo dos outros mil transtornos ignorados, já que fazem uma mistureba danada, colocam no pacote dos depressivos. São problemas muito diferentes e cheio de particularidades que atrapalham muito na busca por uma vida melhor ou apenas minimamente digna.
Às vezes nem é este o caso, há quem se martirize pelo gênio forte, pelo orgulho, recusam ajuda. Já testemunhei histórias que a insistência fez essas pessoas quererem ser ajudadas depois de muito tempo ou aquelas que à revelia foram ajudadas e depois agradeceram a quem não desistiu delas.
Em alguns momentos é disso que o homem precisa: de alguém que não desista dele, independente das circunstâncias.
O ditado perdeu o sentido e a vida me mostrou que cada um é cada um, histórias têm pontos em comum, mas particularidades que podem mudar tudo. Vontade às vezes se perde pelo caminho e é preciso que alguém a desperte, mostre que é possível fazer mais, melhor, viver feliz. É claro que existem situações que o melhor a se fazer é deixar o outro quieto mesmo, talvez o silêncio, um tempo para ficar só resolva. Entretanto, cada caso é um caso.
É necessário um olhar mais sensível para quem está diante de alguém sem vontade de ser ajudado e menos visões preestabelecidas, leis universais e únicas. Afinal, cada circunstância merece uma análise, compreensiva e ao mesmo tempo justa. Olhares diferentes para histórias singulares e acima de tudo muito amor, é disso que o mundo precisa.