Abadia: uma santa, uma cidade, um amor
Abadia não tem só um significado para quem mora em Martinho Campos. É um lugar, uma padroeira… Nossa Senhora da Abadia, santa celebrada em 15 de agosto, está na vida de quem mora na cidade desde sempre. Uberaba e uma cidade goiana também têm bastante fé na santa, mas creio que nenhuma localidade se identifica mais com ela do que Martinho Campos. Antes até de ser denominada com o nome do estadista, era Abadia que dava nome ao local e, simbolicamente, ainda dá.
Quem frequenta a região sabe que Martinho Campos é como o seu Zé do Prego, todo mundo o conhece pelo apelido, o nome original fica em segundo plano. E claro, como bons mineiros, encurtamos. É Badia, sem A, e ai de quem discordar. O nome/apelido até confunde quem começa a frequentar aquelas bandas. Uma vez levei um amigo que disparou a rir quando o cantor disse: “Alooooo, Badia!”. Pensou que era gafe, que o cara havia confundido o nome da cidade.
Nossa Senhora da Abadia é mais representativa para Martinho Campos do que para as outras cidades porque os dados históricos levam a crer que sem a santa de origem portuguesa o lugarejo nem existiria. Como já contei, foi do trato entre um pernambucano e português que Martinho Campos nasceu. Cada um em seu cavalo, com partida da propriedade deles, decidiram construir uma igreja para Nossa Senhora da Abadia onde se encontrassem. Foi assim que a bela igreja surgiu e depois a cidade.
A santa é tão forte que há quem diga “Minha Nossa Senhora da Abadia!” sem nem ser católico, por costume. E tenho quase certeza que quase nenhum martinho-campense sabe da história da santa, até porque, o que importa? Nestes casos, o que vale é acreditar. Mas como curiosidade, vai um pouco sobre a padroeira.
Nossa Senhora da Abadia é um dos títulos da Virgem Maria, a representação dela de pé, com o menino Jesus nos braços. É chamada assim porque a origem do culto a ela vem de uma abadia (mosteiro) de Braga, Portugal. Conta-se que um nobre ancião deixou a vida de riqueza e viu uma forte luz por duas noites seguidas perto de Braga, em Ermida de São Miguel. Ele e um eremita que moravam no local encontraram uma imagem da santa. Para o Brasil, ela foi trazida por nossos colonizadores, obviamente.
Aposto que a santa, padroeira de tantas cidades, sempre ouve chamarem mais por ela em Martinho Campos. De vez em quando ela deve ficar até confusa, sem saber se falam da cidade ou dela. Abadia é isso: uma padroeira, uma cidade, amor e muitas histórias…
Parabéns pelo lindo texto Talita. Contar histórias que fazem parte da nossa origem envolve ternura e encanto. Um grande abraço.