A santa canonizada pelo povo de Ibitira
Dona São nunca esteve em um convento e vivia como uma franciscana em Ibitira. Não tenho notícias de milagres realizados por ela pós-morte, mas sou capaz de falar sobre alguns sutis em vida. O vaticano, nem a alta cúpula da Igreja Católica do Brasil, sabem sobre dona São. Mas quem a viu, nem que só uma vez, a canonizou. Até minha mãe, evangélica, se referia a ela como uma santa. Encantava-se com a renúncia aos prazeres da carne, as coroas de flores feitas com o que ela colhia no jardim para quem partia, a vida dedicada ao bem. Sem dúvidas, se ela não manifestou santidade depois de sua passagem, a trajetória foi marcada pela pureza e milagres simples, como ensinar, pregar e viver o que diz a Bíblia, coerência rara.
Dona São vivia com seus vestidos de cores claras, com papel e caneta, lápis de cor na mão para desenhar passagens bíblicas – um método de catequismo dela. Reunia as criancinhas na casinha simples e às vezes fazia do muro quadro para passar as lições. Quando a meninada não ia até a casa dela, parava os garotos no meio da rua e entrega parábolas e mandamentos em forma de desenho.
São ensinava a todos, nem era preciso que dissesse nada, bastava observá-la por uns minutos, para aprender. Mas ela seguia sua sina de falar de Deus, sempre, principalmente para as criancinhas. Talvez por isso ela tenha escolhido ser professora quando mais nova. Meu pai disse que ela era a mãe da paciência e que até os mais encapetados paravam para ouvi-la.
A santinha pregava o que achava certo onde quer que estivesse, sem exaltar a voz, sem falar em tom de obrigação. Para ela, era necessário ser correto em cada ação. Certa vez, duas adolescentes se expressaram com um palavrão perto dela. Ela corou e com sua voz suave pediu que elas usassem palavras mais bonitas. E olha, nenhuma das duas assumiu quem falou o xingamento quando perguntei, pois dói confessar que fez a dona São ficar boquiaberta e quase morrer de desgosto. Tenho certeza que pedem perdão até hoje.
E como toda santa, nos últimos dias ela se preparou para fazer a passagem. Disse que iria entregar alguns desenhos que estavam com ela de uma criança a quem catequizava, pois iria partir. Também presenteou a moça que canta na igreja, prestes a se casar, com uma Bíblia. Quando foi convidada para o casamento pediu desculpas e disse que se preparava para morrer. Uns dias depois realmente se foi, em paz, serena, com a certeza de que havia cumprido sua missão.
Não deixou praticamente nada material, por ter abdicado do que o mundo diz ser tão necessário, mas ficaram heranças para todos os ibitirenses. Heranças inventariadas a cada dia vivido por ela. Lições de fé, humildade e de como devemos ensinar aos pequenos o caminho correto de forma suave, na simplicidade de uma folha com desenhos, com palavras no muro, na fala e principalmente com exemplos.
linda! dona Sao esta no meu coração!
Gostei muito. Conheci também dona Ção, qu era prima de minha sogra. Tenho uma carta que ela me escreveu.
Gostaria de saber e conhecer quem escreveu este texto sobre ela
José Alberto, creio que eu seja a filha da prima da sua esposa, Talita, filha da Neusa da dona Zeni. Inclusive, já li um livro seu sobre Ibitira. Nos conhecemos de ler um ao outro, olha só que interessante. Correto? Um forte abraço!
Que linda descrição Talita. Realmente a história de Dona São faz parte do museu intocável da querida Ibitira. Parte da minha preparação para 1º comunhão foi com ela. Uma pessoa simples, santa, pura e fiel aos ensinamentos de Deus. Sua presença singela marcou a vida de muitas pessoas.
Obrigada, Aniany. Ela é tudo que você disse, com certeza não havia que não gostasse.
Talita nossa querida e saudosa Dona São foi tudo isso e muito mais do que vc descreveu. Uma verdadeira santa que sempre transmitiu alegria em servir, catequizar. Deixou exemplos de humildade, simplicidade, desapego às coisas materiais. E modelo de serva do Senhor, mulher de oração. Acredito sim que podemos e devemos em nossas orações pedir a ela que interceda a Deus por nós. E as graças serão alcançadas. Amém?
Gente q linda a história de D. São!!Tem pessoas q são anjos né? Vieram aqui na terra disfarçados de anjos! Amei!