A minha Pasárgada
Pasárgada existe. É aquela cidade que todo mundo me conhece. É o lugar onde ando mais à vontade. É onde posso tomar um suco na venda, pendurar na conta. É onde as pessoas me chamam pelo nome, deixo de ser anônima, mesmo sem fama, porém com prestígio. Não por ser poderosa, rica – adjetivos que não tenho mesmo – mas por ser a menina que ali cresceu, foi embora e sempre retorna.
Pasárgada existe. Na minha Pasárgada não sou apenas amiga do rei, mas de muita gente – do pasteleiro, sorveteiro, do padeiro, da dona da boutique, do prefeito, do vice, do vereador, do dono do bar, do seu Zé, da dona Maria…
Em Pasárgada eu posso ser mais. Ah, como eu custei a me acostumar com a grandeza fora de lá. Nas pequenezas de Pasárgada eu era mais eu. Na imensidão fora dela mais uma. Por isso eu sempre retorno pra minha Pasárgada, ando de bicicleta, poderia subir em pau de sebo se quisesse ou andar de burro a la Manuel Bandeira caso coragem tivesse.
Na minha Pasárgada prefiro andar a pé, comer biscoito frito com café, deitar na cama que deixei até mais tarde, escutar histórias antigas e novas.
Ah, minha Pasárgada! Feliz de quem tem uma. Pode ser Moeda, Carneirinho, Itú, Capetinga, Juazeiro, Badia, Bitira… Pasárgada é onde cada um define como paraíso por poder fazer mais do que é simples e completa. Pasárgada é onde sabem meu nome, sei o nome dos outros. Pasárgada pode ser uma festa de família, de amigos bem íntimos, lugar de se amarrar menos ao que pedem desconhecidos e se permitir a ser mais leve com quem é de casa ou da terra.
Pasárgada é onde o corpo e a alma descansam. Ou onde sente-se o corpo sacolejar junto com a alma de tanta coisa boa. Pasárgada pode ser qualquer lugar, mas cada um tem uma e única.