A maior declaração de amor já feita com uma rosa
Ele nunca deixou a internet matar as pequenas gentilezas. Em seus encontros on-line sentia paixão de verdade, frio na barriga e sonhava com o dia em que iria ver a moça dos seus sonhos pessoalmente, abraçá-la e entregar-lhe uma rosa, pois ele tinha um ritual: antes de fechar o bate-papo mandava a figura, o emotion de uma rosa para a menina. O ideia era de que o gesto mudasse o dia da namorada, tornasse tudo mais bonito.
Foram meses de conversas e rosas virtuais até que eles decidiram marcar um encontro pessoalmente Naquela data a imagem da menina que ele tinha na mente, via em fotos e a rosa deixariam de ser virtuais, embora já fossem reais. Tudo ganharia ainda mais vida depois que ele deixasse a pequena cidade do interior de São Paulo e fosse ao encontro dela. Antes de fechar mais um bate-papo, ele prometeu-lhe uma rosa dessas que são colhidas em jardim e mandou-lhe uma virtual, como de costume.
Rumo à rodoviária, parou na primeira floricultura para poder garantir que a vontade de ofertar uma rosa no início do encontro fosse possível. O único problema é que o botão vermelho poderia murchar ou se abrir. E a moça da floricultura foi bem clara ao dizer que apenas água garantiria que a rosa chegasse ainda em botão ao destino. Antes de comprar a passagem o rapaz viu um menino com um peixe em um saco plástico com água e teve uma ideia. “Pronto, se um peixe que é um peixe aguenta ficar na água até chegar ao aquário uma rosa também irá sobreviver bem até chegar ao vaso”.
E assim o botão de rosa vermelha viajou por mais de 200 quilômetros, em três ônibus e um metrô. O rapaz sequer cochilou com a rosa no saco plástico com água nas mãos. Era preciso garantir que sua promessa fosse cumprida e que o amor que ele sentia fosse totalmente transmitido: antes mesmo de ver a garota ele sabia que nenhuma palavra conseguiria traduzir o que seu coração falava sobre ela.
Quando ele finalmente chegou, quase se atrapalhou e deu a rosa com saquinho e tudo. Mas como a sorte ajuda os apaixonados, ele se lembrou e assim que ela apontou na esquina havia acabado de jogar a água fora e de escrever um bilhetinho, desta vez com sua letra e não os caracteres de um computador. A medida que a garota chegava o coração batia mais rápido e ele ficou sem palavras.
— O que foi? Ficou mudo? Era mudo e não contou nada na internet?
Foi preciso um beijo para que ele voltasse a conversar. Ainda bem que a rosa, o bilhete, o beijo e o abraço conseguiram falar por ele quando as palavras faltaram. A rosa só desabrochou dias depois na casa da moça e a medida que os dias passavam e ela olhava para o botão, mal podia acreditar que um amor que conheceu na internet pudesse ter a beleza de uma flor.