Avós do Futuro
Não há nada mais verdadeiro no mundo do que aquelas plaquinhas que dizem que “Na casa da vovó pode tudo” ou é que é lá que “a gente deita e rola”. Pode até ser clichê, mas não há lugar-comum mais gostoso do que o lar das nossas voinhas. É bem verdade que são poucas as pessoas tão doces quanto elas também, pelo menos para os seus netinhos. Porém, algo me diz que elas são cada vez mais raras. Somos mães relativamente tarde e nossos filhos devem demorar ainda mais a nos dar netos. E existe algo ainda mais preocupante: como elas serão no futuro?A menos que exista um instinto “voterno”, poucas vão repetir o que nossas mães açucaradas fazem hoje.
Eu, pelo menos, não consigo me imaginar, nem a maioria das meninas da minha idade, na beira do fogão a lenha, depenando uma galinha caipira em pleno domingão. Difícil pensar também que teremos no quintal ervas para curar resfriados, viroses ou qualquer outro mal estar dos nossos netinhos. Muito menos os levaremos para benzer de mau olhado, vento virado ou “espinhela” caída – acreditaremos, definitivamente, que isso nunca existiu, esquecendo que um dia as mãos de uma benzedeira resolveram o que nenhum remédio conseguiu. E o pior, é provável que nas férias escolares deles vamos viajar com o grupo da terceira idade. Será o fim das tradicionais férias na casa da vovó.
No lugar de tudo isso, vamos pedir pizza, ir a algum restaurante ou, na melhor das hipóteses, preparar um frango de granja. Também vamos procurar na internet, ao invés de ser no quintal, remédios para automedicar nossos netinhos quando necessário. Não vamos acreditar em vento virado e outros males, porém ao desconfiarmos que o problema tem mais a ver com a alma do que com o corpo, algumas vão levar os pequenos em sessões de reiki(nada contra, que fique claro). E as tão famosas férias na casa da vovó serão substituídas por colônias de férias. De vez em quando, devemos levá-los em alguma viagem conosco.
Com açúcar, com afeto
Essas possíveis mudanças não são ruins, fazem parte de um processo natural do mundo. Nossos netos, se tivermos a sorte de ter algum para contar as histórias das nossas avós, vão achar que as bisavós foram engraçadas, diferentes. Mas eles também vão perceber que há algo que não muda: o açúcar não se perdeu, é ele o componente principal da relação inesquecível das avós com os netos.