Amigo do Pequeno Príncipe

Amigo do Pequeno Príncipe

O Menino do Dedo Verde me ensinou várias lições preciosas. Ele mora na minha estante, ao lado do Pequeno Príncipe, são dois garotos que me emocionam, embora Tistu, o do dedo colorido, seja bem menos famoso do que o companheiro. É um livro para ser lido em uma sentada, não muito diferente da obra de Saint-Exupéry neste sentido, e é mais profundo do que certas histórias contadas em milhares de páginas.

O menino é superprotegido pelo senhor papai e senhora mamãe, donos da milionária fábrica de canhões de Mirapólvora, é também um pequeno príncipe, pois é preparado para herdar a fortuna e assumir os negócios da família. Outra coincidência é que o tradutor que ensinou os personagens franceses a falarem português é o mesmo. A diferença é que o amigo famoso explora um planeta desconhecido e Tistu só começou a sair de casa aos 8 anos para ir à escola. Por não ter se adaptado, dormir durante as aulas, a educação do menino é feita em casa, a partir das observações do garoto com pessoas de diferentes áreas.

É aí que o garotinho descobre o dom de fazer germinar flores e folhagens ao tocar em qualquer superfície. Assim, ele coloca alegria nos presídios, escolas e hospitais da cidade, questiona com a inocência sábia das crianças tudo que é estabelecido pelo sistema, coloca caraminholas na cabeça dos leitores por toda vida.

Na cadeia, são tantas flores que as celas não fecham e os presos preferem ficar encarcerados,  encantados com o colorido. Uma menina doente sente-se menos entediada, no hospital começa a observar as flores em vez de contar buraquinhos para passar o tempo. E até nas guerras Tistu dá um jeito, vai a fábrica de canhões dos pais e planta a paz, quando os tiros teriam que aniquilar o mundo com balas poderosas, rosas são disparadas.

Milmales

Não vou contar como o senhor papai e senhora mamãe descobrem esta peripécia para evitar spoiler, vale a pena ler o livro e ver o desfecho surpreendente, mas posso contar a  parte mais tocante para mim.  É quando o doutor Milmales apresenta o mundo dos enfermos para o menino. Tistu conclui que cuidar das pessoas é bem difícil, pois as doenças usam máscaras, se escondem e são muitas enquanto a saúde é só uma. Não contive as lágrimas nesta parte, soava como uma verdade doída a qual eu tinha testemunhado.

Um mal se escondeu por muito tempo no corpo da minha mãe e quando descobrimos era tarde. Aquela doença  me deixou um pouco doente também, sem apetite, triste. Por saber que a aparência saudável podia esconder algo, fui em inúmeros médicos para ver se estava tudo em ordem mesmo. Fiquei mal por muito tempo, hoje estou melhor e acredito que com saúde. É só mesmo a saudade que de vez em quando não perdoa, mas algumas lembranças já vêm mais doces, menos pesadas.

Sorte é que tenho meu Tistu do dedo verde para lembrar que há muito a ser semeado por aqui. E sigo na tentativa de deixar o caminho mais bonito.

trecho menino do dedo verde

Trecho emocionante sobre saúde do O Menino do Dedo Verde

 

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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There is 1 comment for this article
  1. Vanessa Fracalossi at 2:38

    É a primeira vez que vejo falarem do Menino do Dedo Verde. Li esse livro quando era bem mais nova e, apesar de ter precisado do seu texto para relembrar muitas coisas, sei que na época ele me marcou bastante. Agora fiquei com vontade reler pra ter uma nova perspectiva da história do Tistu 🙂
    Obs: eu também adoro O Pequeno Príncipe, e fiz o mesmo de ler quando criança e novamente agora já mais velha hehehe
    Post muito bom, Talita, bem doce e tocante ^^
    Beijosss

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