Identidade: de quem pra quem
Eu sou Talita da Neuza ou do Julinho para quem mora em Ibitira. Talita de Ibitira pra quem sabe do meu amor por lá. Talita amiga do Gu, da Marcela, da Gabi pra quem é mais próximo dessas pessoas do que de mim… Talita da House para meus clientes. Talita Camargos para o jornalismo, família. Sou muitas outras Talitas, a Talita que escreve, que fez pós em revisão de textos, cursou jornalismo, esposa do Geraldo.
Nem sempre gosto de estar na pele de alguma Talita em certas situações. Quando pesa pra Talita da House, eu só queria ser Talita da Neuza e do Julinho. Se a Talita Camargos está exausta eu queria ser mesmo era a Talita de Ibitira pra me entediar de tanto tempo pra descansar. A Talita que escreve quando falta assunto adoraria estar na pele da Talita amiga do Gu, da Marcela, da Gabi pra escutar causos ou apenas se deixar divertir no encontro com amigos queridos.
Sou essas todas misturadas ainda, pois a Talita de qualquer lugar é de “qualquer pessoa” e influencia todas as outras. A Talita da House ou Camargos quando recusa um trabalho, escuta a Talita de Ibitira, quem tem os valores mais fortes. A Talita amiga do Gu vê tudo de uma forma mais leve, coloca Los no volume mais alto, uma série para assistir ou vai pra um bar tomar cerveja mesmo com o mundo desaba pra resolver o que tá bagunçado do lado de dentro.
A Talita amiga da Marcela é incansável, quer melhorar o currículo, contar Notícias do Bem, fazer um trabalho bem feito, desabafar. A amiga da Gabi quer relembrar as histórias da adolescência e contar tudo que aconteceu no semestre, nem que seja rapidinho pra celebrar a amizade.
Algumas Talitas desaparecerão com o tempo. A Talita Camargos um dia vai querer só escrever livremente, andar pelo mundo, ter mais sossego. A Talita da House vai passar o bastão daqui a muitos anos, uns vinte. Restarão resquícios dessa Talita nas que virão no futuro, a Talita aposentada(se a reforma da previdência deixar), a que viaja o mundo.
Talita Alves de Camargos, Talita de Ibitira, Talita da Neuza e do Julinho são eternas. Sempre fui essas quatro, nasci Alves de Camargos, de Ibitira, da Neuza e do Julinho. Vou ser essas Talitas até o fim. Todo mundo é o que nasce. É da cidade em que foi criado pra sempre, dos pais e da família que lhe dá nome. Tudo muda, menos o início que vai até o fim, atravessa tempo, persiste porque é raiz. De quem, pra quem é fluido, mas a base permanece.
Sou minha família que já carrega uma história, minha terra e meus pais que estão no DNA e no coração até depois de eu me tornar pó. A carreira, a formação, maridos, esposas podem desaparecer com o tempo, a base nunca, pois é o que sustenta toda uma vida!