Juntos na alegria e distância
Estamos distantes. Meu pai do outro lado do Atlântico, meu irmão vive no futuro de tão longe, minha irmã na Capital de Minas(por enquanto) e eu aqui, na Capital também, da moda mineira. Parece separação das mais bravas. Hoje eu vi que não. É só distância, grande, porém, distância, bem menos doída do que a de familiares que moram em casas vizinhas sem saber compartilhar. A gente chorou pelos mesmos motivos, o coração bateu junto em fusos diferentes porque minha irmã mais nova foi aprovada na residência da USP. #QueOrgulho!
Eu lia e relia os parabéns pra ela.Também ouvi o áudio do meu pai chorando dezenas de vezes, chorei junto. 9 segundos de uma voz embargada que nunca vai sair de mim. Tudo por causa de uma notícia que, ironicamente, já me dá a certeza de a distância aumentar ano que vem. Estou feliz na alegria da realização dela e mais ainda por saber que à nossa maneira celebramos juntos esse momento, juntos na distância. Eu vou ter mais saudades ainda de saber que terei que viajar a noite toda pra poder vê-la em vez de duas horas só, no entanto, o orgulho é bem maior.
Porque família é fazer da vitória de um a alegria de todos, a realização do eu o que nos faz nós. É conjugar alegrias e tristezas na primeira pessoa do plural de qualquer lugar. É casa na alma, mais forte e aconchegante do que qualquer propriedade a ser deixada de herança. Porta aberta no espírito para celebrar ou esperar o mau tempo de qualquer parte. É lar que não precisa de viagem para chegar.
Assim nossa família se fez: em formas de continuar a ser nós mesmo com a distância contínua. Tivemos que começar pequenininhos, eu com 40 dias “vi” meu pai ir embora pela primeira vez. Meus irmãos, crianças, passaram pela mesma experiência comigo na infância e juventude.
Agora somos todos que traçamos rumos longínquos e altos. Sentimos saudades, mas sabemos nos aproximar com a alma, a alegria e o amparo de quem é por todos.