Mãe adotiva por opção
Matéria publicada na revista Xeque Mate edição 18
Para a assistente social Alexandra Berté Parreiras, esposa do publicitário Markin Parreiras, conceber um filho nunca foi pré-requisito para ser mãe. Ela conta que a possibilidade existia, porém a adoção sempre foi uma possibilidade para ela e para o marido. “Chegamos a pensar em dois, um adotivo e outro biológico, pois a família do Markin já tem um histórico com adoção, além disso, nunca pensei que a criança precisasse ser gerada por mim”, afirma.
A ideia de ter um filho biológico começou a ser deixada para trás quando o casal conheceu dois irmãos em um abrigo do Sul do país, de onde a família de Alexandra é. As crianças pareciam estar no destino deles. Elas apareceram justamente quando eles foram em férias para a região, o plano de Markin e Alexandra era voltar para Divinópolis com o casal de irmãos. Como era fim de ano e o fórum estava de recesso, eles faziam verdadeiras campanas para conseguir falar com os juízes de plantão.
Depois de alguns encontros com os meninos e muito esforço, receberam a notícia de que não poderiam adotá-los. “Éramos os primeiros da fila em Minas Gerais, mas não de Santa Catarina”, explica Alexandra. Ela também disse que voltaram para Divinópolis abatidos, mas com a possibilidade de adotarem duas irmãs em Belo Horizonte. Alexandra contou que sabia antes de irem para o Sul, porém o encontro seria mesmo em janeiro devido aos recessos de dezembro. “ Quando voltamos pedimos uma semana para nos recuperar, pois além da frustação de não ter conseguido adotar as crianças, nós havíamos capotado o carro já na ida, acabamos de chegar com o do seguro e esperávamos o nosso ficar pronto”, contou.
Sem restrições
Passado o tempo, Markin e Alexandra foram à Belo Horizonte conhecer as irmãs. Bia tinha um ano e meio e Vitória quase seis. O perfil das duas era um dificultador para a doação, pois, crianças mais velhas e que só são podem ser adotadas com o irmão normalmente são evitadas. No caso de Alexandra e Markin nada disso era restrição. “Ao preencher a ficha não especificamos nada, queríamos uma criança que precisasse da gente”, contou Alexandra.
As meninas se mostraram com a mesma aceitação que o casal. Já nos primeiros encontros chamaram Alexandra e Markin de pai e mãe naturalmente. Sobre os pais biológicos, o assunto nunca foi evitado, mas com o tempo deixou de ser pauta na família porque as meninas não falam sobre e a opção da família é deixar que tudo flua de acordo com a vontade das garotinhas.
O mesmo acontece quanto a dizer que Bia e Vitória são adotadas. “Prefiro falar de cara porque elas são fisicamente diferentes, para evitar olhares tortos”, pontua Alexandra. A história da adoção também é um assunto natural. “Já fui chamada para dar palestras sobre o tema, porém não faço parte de grupos de incentivo, até prefiro comentar quando me pedem mesmo e naturalmente com os amigos, não forço a barra”, falou.
Traços em comum com os pais adotivos e desafios
Alexandra conta que chega a dizer que as meninas têm o mesmo sangue porque há muitos traços em comum com ela. A mãe credita a semelha à convivência. Markin diz que é muito evidente como as três são parecidas. “Ganhei mais duas para me exigirem mais organização. Elas também querem saber tudo sobre a minha rotina, chegam a perguntar antes da Alexandra porque cheguei tarde, se tenho futebol. Se parecem comigo também, porém esse lado que pegaram da Alexandra é bem marcante”, comenta.
Sobre os desafios, a assistente social afirma que são os mesmos que aquelas que deram a luz têm. “Há muito preconceito com crianças adotadas, porém quando se tem um filho biológico também não sabemos como ele será, as pessoas se esquecem disso”, ressalta. Ela completa dizendo que as meninas são bem tranquilas, mas como em toda família, há desafios que toda mãe pode vivenciar.