Vítima de mim
20 e tantos anos foram tempo mais do que suficiente para eu ficar de saco cheio de mim mesma. Machuquei-me demais sem ver que o açoite estava comigo. Os rótulos de boazinha, calma, e as minhas atitudes que reforçaram-nos, só pioraram as surras que eu me dava.
Fui vítima de mim, ainda sou um em alguns momentos. Pensava que era por querer evitar conflito, ser de boas. Porém, deboístas podem falar o que têm direito com muita classe, o que deixa quem se aproveita do gênio suave ainda mais sem graça, desarmado.
Só que juntar a coragem de mudar meu comportamento não foi fácil mesmo depois de eu enxergar que me maltratava, era a principal responsável pelos tombos que levava, tropeçava nas próprias pernas e pensava que levava empurrões.
Só fui enxergar com mais clareza no coaching, processo que comecei há pouco mais de um mês. Já na primeira sessão, as perguntas do coach Cristina Granado me fizeram ver que tinha muito mais por trás das minhas queixas. Eu, antes, percebia que era responsável pelo meu sofrimento, porém a confiança para virar o jogo beirava zero. Meu medo era de me transformar em uma pessoa ruim, perversa.
No entanto, a coragem veio quando parei para analisar o mal que eu me fazia. Em uma semana, no primeiro exercício – anotar o que acontecia de ruim quando eu não conseguia fazer o que era preciso – vi que deixava um rolo compressor feito com as minhas atitudes passar pelo meu corpo, alma e mente. As porradas que eu me dava resultavam em dores no estômago, nos músculos, cabeça, mau-humor, falta de tempo e exaustão. Eu sofria com o corpo inteiro e a alma que gosta de ser tão leve ficava com o peso do mundo.
Atualmente já tenho conseguido falar o que penso e é meu direito, aumentar os nãos que proporcionam todos os outros sins. O resultado me mostra que ao mudar o outro age de forma diferente comigo, sem estresse, mantendo o bom relacionamento e até com melhorias, pois passou a ser uma relação que todos estão satisfeitos, ninguém perde.
É preciso coragem e muito autoconhecimento para ser justo. Tenho me libertado, deixado de ser vítima de quem está 24 horas comigo – eu mesma.