O medo que me acorda e a mão que acalma
O medo de estrada é destas bobagens que têm sido incontroláveis para mim. Talvez, nem seja um receio tão idiota diante de tudo que vejo por aí, das estatísticas, entretanto uma certeza eu tenho: o sentimento é muito novo. Quando vejo ele já congelou meu estômago, me fez dar um grito e ser grossa com quem está no volante se a intimidade permitir ou o desespero for grande.
É o tal do estresse pós-traumático por causa de um acidente nada grave, difícil de controlar por mais que racionalmente eu pense que estou segura. É um medo que vem de uma hora para outra, principalmente nas curvas, brecadas, na chuva.
Em viagens mais longas, até de me acordar ele é capaz – é só passar por uma rotatória ou curva mais fechada. Acordo com a impressão de estar novamente em um carro que perdeu o crontrole, aquaplanou e está prestes a capotar. Junto as mãos, rezo, respiro… Tenho em mente que já passou, foi só um susto sem fundamento (ou não?). Sigo na estrada, durmo, acordo, suo frio, peço proteção, pego o livro na mochila, me concentro na leitura. Até em casa esse pânico me encontra – já acordei aos berros de pesadelos horríveis.
E quando você está é mais simples. Te aperto forte quando de moto, de carona te olho também assustado e vejo que logo muda pra me mostrar que não há nada com o que me preocupar. Igual ao Belchior, seguro na sua mão quando posso e ouço a música em pensamento, com a certeza que o avião não me causa tanto medo.
Eu não sei quando esse sentimento irá embora de vez, talvez eu procure terapia, análise para superá-lo, porém eu sei que nem consultas com o Freud substituem por completo suas mãos, seu abraço, seu olhar mesmo que a princípio amedrontado. Pode ser que eu procure um psicólogo, mas nunca quero ficar sem seu amor para todos os medos e certezas boas.