Fome de bola ou de farra?
Ele tinha fome de bola, mas a fome de festa era maior. Nasceu com nome de jogador, Julinho, na terra do futebol e também do Carnaval, amava os dois. E os campeonatos nas cidadezinhas mineiras uniam as paixões. A bola rolava no gramado e depois do apito final a farra fechava o terceiro tempo com chave de ouro.
Um dia, depois de jogar para o Abadia de Martinho Campos e findas as festas do lugar na cidade, decidiu procurar diversão por outras bandas. Ele sabia que o rival do time, Abadia, estava com jogo marcado em Unaí, onde tinha uma festa e vários primos, amigos. Antes mesmo de tirar as chuteiras, viu o ônibus parado na praça da matriz. Pediu para embarcar. A única condição é que ele tirasse a camisa do rival e fosse logo pra dentro do ônibus, não havia tempo de ir a lugar algum, senão o time chegaria atrasado. Foi do jeito que estava.
Quando chegou em Unaí, chamou os primos para o campo e ficou por ali.
No final do segundo tempo, eis que um jogador do Abadia se machuca. Para piorar o time havia viajado desfalcado. Julinho que estava fora de campo, era do time rival, foi convocado. Pegou a camisa do jogador lesionado e foi pra cima do adversário com tudo. Mas com tudo mesmo, em menos de 1 minuto levou um amarelo. Com mais dois, vermelho.
A expulsão foi tão rápida que quando desceu para o vestiário o colega lesionado ainda estava lá.
– Uai, o que aconteceu, Julinho, machucou também?
– Machuquei, dois jogadores do Unaí, me deram um amarelo e um vermelho.
E aquele final de semana entrou para a história do futebol amador. Era a primeira vez que um atleta do time rival entrava em campo. Além disso, ele bateu o recorde de menor tempo no jogo, desconfio que do futebol mundial.
A volta para casa foi do jeito que ele gostava, uma verdadeira festa com muita zoação dos companheiros de time