Planejar para o inesperado pesar menos

Planejar para o inesperado pesar menos

Eu não abomino os domingos. Gosto da sensação de poder ficar offline sem me preocupar, do telefone descarregar sem nenhum problema. Há uma espécie de pacto com todos os parceiros e colegas de trabalho: nos deixamos a vontade, sem e-mails e telefonemas, embora vez ou outra eu aproveite exatamente essa calmaria para colocar algumas coisas em dia. No sábado, o acordo vale a partir de 14h.

Se trabalho ou não, há algo que não muda: faço a agenda da semana no domingo. Por vezes me perguntei porque, pois os dias trazem urgências e surpresas, mudam meus compromissos, não meus prazos, claro. Assim, é preciso fazer tudo caber no mesmo tempo disponível de sempre.

Parece uma maluquice. Não é. É o normal da vida. Na semana passada mesmo, inclui várias tarefas extras e graças a lista que é vista e revista todos os dias, consegui me organizar e chegar ao fim com a sensação que fiz tudo da melhor forma. É um caos organizado. Quando preparo os to-dos da semana já até penso em umas brechas para lidar com o inesperado. Se ele não aparece, vou além e adianto leituras, afazeres, porque sei que a vida é assim – de uma hora para outra me vem com mil e uma demandas.

Eu gosto desta sensação de controle. Recentemente descobri o porquê. Li que um estudo com pessoas que viviam em regiões bombardeadas durante a II Guerra Mundial, na Inglaterra, mostrou que aqueles que residiam em áreas que eram alvo dos alemães todos os dias, eram menos estressadas do que quem morava em bairros bombardeados de vez em quando. Ser atacado de surpresa era bem pior porque nunca se sabia quando a bomba poderia cair.

Longe de o que acontece comigo ter o peso de uma bomba, deixo vir, naturalmente, e vejo como resolver. Prefiro pensar nos pequenos imprevistos como rotineiros, deixo que eles venham de forma esperada e os recebo de forma entusiasmada. Muitas vezes o que aparece de uma hora para outra é bem frutífero, mesmo que eu tenha que me desdobrar para dar conta de fazer o que apareceu sem deixar de cumprir meus compromissos. E é exatamente a organização do meu fim de domingo que me permite lidar melhor com o que vem fora da lista entre a segunda e a sexta com menos estresse.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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