Ressonância límbica: além das palavras
Há quem acredite que o ser humano começa a falar com mais de um ano de vida, em alguns casos um pouco menos, um pouco mais… Mas a verdade é que desde os primeiros minutos falamos com o corpo todo. Só que estamos tão acostumados a enxergar a fala como comunicação primordial que até temos pena dos bebês, há uma certa cegueira nossa, entendemos que eles não podem falar. E quem não fala, também não diz nada? Eu tenho certeza de que fala e muito! Com as mãos, o sorriso, os gestos, o que deixam pairar no ar. Eles também nos entendem, não só pela leitura labial, vai bem além disso, pois os humanos se comunicam por ressonância, sem precisar emitir nenhuma palavra, a chamada ressonância límbica, estudada por cientistas do mundo todo.
É a ressonância límbica que reduz o volume da voz e começa todo um processo de escuta com as mãos, pés, coração… É ela que mostra para o filho que o pai ficou descontente, bravo, só pelo olhar. Considero o processo de ressonância límbica bastante inteligente, pois acredito que ficaríamos todos sem voz de tanto ter que falar tudo. Com certeza teríamos menos amigos e amores.
Embora entendamos as palavras como principal meio de expressão elas não são tão fáceis de usar. Umas são fortes, outras fracas e há aquelas que fogem ou aparecem em momentos inoportunos demais, são capazes de destruir relações em segundos. É aí que o silêncio, o brilho no olhar, o tremor nas mãos e a vontade implacável de abraçar nos salva de dizer o que é o corpo que pode de maneira muito mais sutil falar por nós.
Se a ressonância não fosse tão importante qualquer um conseguiria ser ator, por exemplo. Tudo que se cria em cena é mais do que com base nas falas, mas em expressões, trejeitos que têm um poder maior do que qualquer diálogo. É claro que as palavras constroem e destroem, no entanto, exatamente por serem fortes demais emana de nós ressonâncias que significam muito.
Falar é isso, se expressar inteiramente.