Xingamentos permitidos no casamento e as palavras que realmente acabam com eles

Xingamentos permitidos no casamento e as palavras que realmente acabam com eles

Eu o chamei de chato, “burricido” – ele me chamou de dona onça e bagunceira. Não era uma briga. Na verdade, quase todos os dias “xingamos” um ao outro aqui em casa. A convivência transformou essas ofensas em palavras neutras, parte do nosso vocabulário. Antes de casar ele era só sistemático, por causa da criação e eu não tinha tanto senso de organização por ser criativa, dar prioridade ao que preciso entregar antes de colocar tudo no lugar. É que casar, ou namorar anos a fio, acaba com qualquer eufemismo, essas palavras menos bravas que usamos para falar de algo negativo. Casar também acaba com as justificativa para os “defeitos” do outro, pelo menos quando estão só os dois.

E de forma alguma as verdades na mesa tiraram as palavras amor e outras da nossa boca, pois já eram ditas sem precisar de camuflar e a cada dia ganham mais razão para serem ditas. Chamar o outro de encrenqueiro ou ser chamada de chata só machuca o outro quando pouco se conhecem e ainda é preciso ir com cuidado. Se ser dona onça fizer parte do temperamento com certeza a pessoa não vai se assustar, terá ouvido de outras pessoas com as quais morou.

Entretanto, há palavras que acabam com o relacionamento. Sabe quais? 

Aquelas que a pessoa precisa olhar no dicionário. Já ouvi inúmeros relatos de gente que desistiu do outro porque teve que procurar no Aurélio o que o “amado” quis dizer. Ninguém usa uma palavra tão forte sem deixar que pelo menos a raiva do momento possa ser amenizada pela dúvida. Pode ser até algo dito frequentemente, porém, se a pessoa não souber ao certo o significado, não revidará sem antes ter certeza de que foi brutalmente ofendido. Pode até por fim na hora, mas dar o troco não. Fica com vergonha de retribuir com palavras de dia de semana a ofensa rebuscada.

Muitos homens por aí já me disseram ter colocado um ponto final na relação depois de serem chamados de patéticos e até de cafajestes – palavras que parecem conhecidas, mas que em um dicionário parecem bem piores do que deveras parecem. E insolente então? Aí é que o sujeito nunca mais ousa dizer nem um “oi” mais.

Chato, encrenqueiro, dona onça aparecem com a convivência, tornam-se palavras de todo dia e não me incomodam. Claro que só dentro de casa, nas pequenas discussões que todo casal tem, da porta para fora os eufemismos continuam a nos proteger, a demonstrar carinho. É o que só o dicionário sabe que tem que ficar bem longe das discussões mesmo, o resto eu sei que tem um fundo (ou um muito), de verdade.

 

 

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 2 comentários
  1. Juvenal Bernardes at 11:16

    Fã é foda, né? Criei a escala juvenáldica pra sugerir a crônica a ser enviada. Então, como esta foi a primeira que li, vou dar nota 8. E ela se torna a referência. Não sei se a escala vai até (ou só até) 10. Pode ser que eu ache um outro texto digno de, digamos, 12, comparado a este… Ou de 6…

    Enfim, criei uma escala minha. E este, o primeiro que leio com esta finalidade, tem nota 8J (este “j” – que indica “juvenaldica” fica chique, né?)

    Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim.

    • Talita Camargos at 19:07

      Existe a expressão fã mútuo, igual amor? Se não existir é a que melhor expressa o que há aqui, tem amor também, claro. Tô amando a escala. Conto com você pra me ajudar nesta tarefa.

      Muitos abraços pra você!

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