The book is on the table na Bahia

Sempre gostei das palavras. Elas são diversão, trabalho e necessidade para mim. E mesmo com a proximidade delas, em algumas situações elas fugiram. O que é totalmente normal, quem nunca ficou sem saber o que dizer? Em inglês é pior ainda. Mesmo sem a fluência, a coragem sempre foi suficiente para eu conseguir falar com quem não é do meu país.

E em uma dessas eu usei a clássica “the book is on the table”. Culpa das minhas companheiras de viagem, Rachel e Liseanne. Eu comprei um livro enquanto passava férias em Itacaré na Bahia. E elas, muito zoeiras, esconderam-no de mim logo depois. Isso logo depois de eu tê-lo comprado. Fomos a uma pizzaria e achei que ele tinha ficado por lá. Voltei imediatamente, pois não admitia perder assim, meia hora depois da compra.

Fui sozinha e logo vi uma família de gringos na mesa antes ocupada por nós. Para reaver meu livro, falei o inglês mais tabajara do mundo.

– The is on the table or not?

Nem me lembro da resposta em detalhes mais. Sei que conclui que não era lá que o livro estava.

Quando encontrei as meninas novamente me perguntaram o que tinha acontecido e contei. Descobri que não precisava de nada daquilo. As duas esconderam-no de mim o tempo todo.
Mas neste dia eu descobri que assim como as palavras fogem, algumas que nunca pensei em usar saem, principalmente na hora do desespero.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

Oi, o que achou do texto de hoje?

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