Sabático

Sabático

Tem horas em que a gente tem que parar. Parar nem que seja um pouco. Parar com um pouco das coisas. Parar de se preocupar, parar de trabalhar, parar de escutar o que os outros dizem. Só um pouco.

Até porque, se você não para um pouquinho por conta própria, você acaba parando obrigado. Eu já escrevi sobre isso aqui. A exaustão vem sem piedade e derruba você.

Por isso é fundamental a gente tirar um tempo sabático. Aposto que você já ouviu essa palavra. Sabe o que significa? Senão, explico.

Sabático remete ao sábado. O sétimo dia da semana, o dia – oficial – do descanso – porque o extraoficial é o domingo, que foi adotado depois, blá, blá, blá…

Portanto, sabático é aquilo relacionado ao descanso, é “um período de suspensão temporária das atividades regulares”, como define o dicionário Michaelis. Tem gente que tira um ano sabático – mas isso é só gente rica, que não precisa trabalhar pra viver.

Eu não tirei um ano sabático, tirei algumas semanas. Tive que tirar. Tirei sem querer tirar. Como eu disse antes, tem hora que a gente é obrigado a isso – ou fica louco.

A parte triste é que o tempo sabático teve que sair daquilo que eu mais amo fazer, que é escrever por prazer. Mas escrever por obrigação, no trabalho – e isso não significa que eu não goste do que faço –, era impossível abandonar.

Tem outra coisa. Pra escrever por prazer eu preciso de inspiração – e ela vai embooooora se eu não estiver com a cabeça leve. Isso é algo que eu não consigo fazer: escrever por prazer obrigado. É um contrassenso, aliás.

Nesse tempo sem escrever eu tive vontade, bastante vontade, de botar as coisas “no papel”. De ligar o computador e começar a digitar e deixar os dedos correrem pelo teclado traduzindo o que eu queria dizer.

Acontece que só de pensar em ligar o computador, começar a digitar e deixar os dedos correrem pelo teclado, eu já sentia os músculos afrouxando, as pálpebras caindo e a preguiça batendo. Era o cansaço derrubando, como ele bem sabe fazer!

Mas voltei. Voltei e espero continuar presente e não sumir mais por tanto tempo. Agora, se você tiver um tempo, faz um exercício. Pega a coisa que você mais gosta e vai substituindo pela minha atividade de prazer deste texto.

Se ao final dele você estiver chegando na mesma conclusão que eu, pode ser que você também esteja precisando de um tempinho sabático, hein!

Escritor por Simião Castro Veja todos os textos deste autor →

Simião é jornalista, repórter de política, escreve contos e crônicas. Também conta histórias em áudio, vídeo, o que você pedir, é produtor multimídia, saca um pouco de tudo. “Eu tento ser um jardineiro das palavras, um aventureiro das sílabas. Duvido de tudo e prefiro assim! As certezas me assustam. Quem tem certezas demais também”.

Oi, o que achou do texto de hoje?

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