Não se nasce ibitirense, torna-se ibitirense!

Não se nasce ibitirense, torna-se ibitirense!

Desde que os partos em casa deixaram de ser a única possibilidade, nenhum ibitirense nasce no distrito. Porém, a “cidadezinha” tem muita gente de lá. Eu própria! Quem olhar minha identidade verá Pitangui (nada contra) como terra natal. Só que na minha certidão de nascimento Ibitira é o local de origem do documento. 26 anos mais tarde, me casei no mesmo cartório.

Pra mim, naturalidade também significa o que é natural, independente do que está nos registros. E mesmo que de forma mais suave, Ibitira está nos documentos que provam que sou de lá desde sempre.

É tanta coisa boa que me faz sentir que sou naturalmente de Ibitira e não de onde nasci que rende uma lista:

Assim, quando me perguntam – “De onde você é?”, digo “De Ibitira, tem base?”. Essa é a resposta para quem sei que tem alguma ligação com aqueles lados. Para quem não é, paro em Ibitira e com toda paciência explico onde fica. Depois, me perguntam sobre Itabira, Ipitinga, Ipatinga. Nunca canso de falar o nome do lugar onde fui criada até que gravem. E depois também. Falo com tanto gosto que muita gente quando me vê assunta sobre os causos que adoro contar de lá.

Tenho ido bem menos na cidade de uns anos pra cá. No entanto, eu sempre rendo homenagens ao lugar de onde vim verdadeiramente. O ibitirense, há décadas, é assim. Não nasce lá, torna-se de lá. Quem diz que é de Ibitira é porque é grato ao lugar onde passou bons anos da vida, especialmente os iniciais. Mas pra ser tem que, sobretudo, sentir que pertence à Ibitira.

ser ibitirense

O asfalto se tingiu de vermelho. Foto: Marcus Vinícius

É quase uma opção feita com amor. Eu me sinto sortuda por poder “escolher” minha terra natal.

Inclusive, há um tempo eu cismei de pesquisar minha árvore genealógica mais profundamente. Sabe qual o lugar mais longe que fui? Ibitira. Minha avó, com 95 anos, não soube dizer de onde o pai e mãe dela eram. Tenho uma teoria de que existiu um Adão e Eva naquelas terras vermelhas.

Ibitirense mesmo: nada além do Rio Pará

Para não dizer que só cheguei em Ibitira, reza a lenda que uma índia foi pega no laço e seria uma ancestral minha. Aliás, essa história é comum entre as famílias brasileiras. Na falta de respostas, fico com a versão de que minha família brotou no município de Martinho Campos, em Ibitira para ser mais exata (se ainda não fui) e nos espalhamos pelo mundo.

Você pode ainda dizer que ninguém teria como naturalidade Ibitira, pois é um distrito. No máximo, Martinho Campos, a sede do município. Mas, mesmo assim, só mesmo quem tem um coração ibitirense que se declara de lá. Caso contrário, dirá que é de Martinho Campos, como consta no RG. Cada um se define como bem entende, se sente melhor. Pra mim, o que faz meu coração dizer de onde é são as ruas por onde andei nos meus primeiros anos, os avós que adotei e tudo que me fez ser exatamente como sou e tenho orgulho.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 6 comentários
  1. Zirlei Moreira at 16:49

    Excelente,adoro Ibitira , foi lá que nasci,passei minha infância , parte da minha juventude as quais tenho boas lembranças, sempre que posso vou para Ibitira .E lá que recordo meu passado com saudades!

  2. Luciano do Olavo at 21:32

    Lindo texto! Meus pais Olavo e Afonsina são de Ibitira. Temos uma casa na Ibitira na rua da foto(asfalto vermei) kkk. Meu pai Olavo da família Milindras, herdou um terreno no Açudinho e hj construí uma casa lá. Sou de Betim, mas AMO a Ibitira.

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