Não há nada melhor que…

Não há nada melhor que…

Às vezes acabo de dizer que não há nada melhor que um dia de sol para no momento seguinte lembrar o quanto a coberta fica mais quentinha quando chove. Depois, na livraria o olfato me diz que não há nada melhor que cheiro de livro novo. Os dias passam e estou no sebo: como são lindas as anotações que o antigo dono do livro velho deixou! Sou contraditória? Não, eu só soo contrária, mas cabe tudo no viver. E como é bom saber que não estarei subordinada apenas a um prazer, desses simples, que me faz dizer: não há nada melhor que… Posso me deliciar com algo agora e depois achar que estou no melhor dos mundos diante do oposto quase.

E tem vez que o melhor é o melhor para aquele dia, naquele momento. No outro, pode haver algo que me deixe mais feliz. Isso só acontece porque a vida faz mais sentido quando me permito experimentar, abro o leque de possibilidades. Com o tempo, é bem capaz de eu eleger meus sabores favoritos, atividades que me fazem sorrir mais, porém, o meu humor, a temperatura, minha fase de vida, podem me levar a crer que naquele dia não nada melhor do que o contrário do que eu achava…

É por isso que a gente não se cansa de falar ou de ouvir que a melhor coisa do mundo é:

Arroz soltinho, dormir, férias, um trabalho que ame, show de quem eu sou fã, cheiro de livro novo, dedicatória de livro que comprei no sebo, beijo, abraço apertado, roupa limpinha com cheiro de amaciante, roupa suja de barro depois de um banho de chuva, chegar em casa depois de um dia difícil, sair de casa para passear…

Como são bons os momentos que eu digo que a melhor coisa do mundo é, independente do que seja. Significa que naquele momento estou deveras feliz, diante de algo que realmente estou apreciando naquela horinha. Esqueço de que eu disse no dia anterior que cheiro de livro novo é a melhor coisa do mundo e falo que não há nada melhor que ler anotações antigas no livro do sebo. É o momento que vale, o presente. Contento-me com o que tenho nas mãos, sem nem pensar no que poderia ter no lugar.

Dizer que a melhor coisa do mundo é, ou que não há nada melhor a todo tempo não é sinal de não saber o que quer, o que é bom. É sinal de que sabe-se viver contente com o mínimo, seja com o arroz bem soltinho, o dia quente, o dia frio, a chuva, as férias ou o trabalho. Bom mesmo é ser feliz com o simples e o que se tem agora!

E é infinita a lista das melhores coisas do mundo! Ainda bem. Imagina se apenas uma se sagrasse como a perfeição, o suprassumo? A melhor? Há de se achar pequenas felicidades diante do fogão ou em uma notícia sobre a banda preferida, nas livrarias, sebos e nas pessoas. O mundo é vasto

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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